Faltam profissionais de meio ambiente

As grandes empresas começaram a perceber recentemente que, caso não respeitem a natureza, colocarão em risco o futuro do planeta e o de sua marca. Por isso, buscam profissionais que possam avaliar os efeitos de um processo ou produto sobre o meio ambiente, monitorar a qualidade da água e do ar e elaborar projetos para a recuperação de áreas devastadas ou poluídas pela ação do homem.

O mercado para o profissional do meio ambiente é amplo, do curso técnico à pós-graduação. Não há necessidade de ser formado exatamente em engenharia ambiental. Como o curso é recente, vários profissionais que estão hoje no mercado são graduados em outras áreas, das diversas engenharias à química e biologia. É o caso do presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. Ele é graduado em química, mas atua com saneamento e meio ambiente.

Para Carlos, o desafio do profissional da área é pensar não apenas na questão do verde e das florestas, mas também no habitat do ser humano, a cidade. “Uma solução sustentável para um problema ambiental é aquela que contempla três pilares: o meio ambiente, a sociedade e a economia”, enumerou.

Como exemplo, o químico citou o desmatamento. “Se você não cria alternativas profissionais para as pessoas que vivem da extração de madeira na Amazônia, não é possível resolver o problema. Há famílias que se sustentam assim há gerações. Como você explica para uma pessoa que o trabalho que ela aprendeu com os avós é errado?”, questionou.

Apesar dos desafios serem diários, Carlos afirmou que a profissão tem suas recompensas. “As empresas precisam do profissional da área ambiental por questões de custo e também para manter a boa imagem perante investidores e acionistas. Portanto, os altos executivos costumam ser bem pagos nesta área”, destacou. O salário mensal pode ultrapassar os R$ 10 mil.

FORMAÇÃO
Para quem optou pela engenharia ambiental o mercado é atrativo. Formada em 2008, Rebeca Acraine de Oliviera, 26 anos, saiu da faculdade com emprego na área. “Há muitas vagas no mercado, mas faltam bons profissionais. Não consigo encontrar um estagiário porque tem poucas pessoas com esse tipo de conhecimento”, comentou.

Rebeca também criticou as instituições de ensino. “O curso de engenharia ambiental é quase todo voltado para legislação. Quem quer atuar com projetos ainda precisa complementar a graduação, ou escolher engenharias como a mecânica e a química”, explicou.

O salário de um engenheiro ambiental em início de carreira fica entre R$ 2.000 e R$ 3.000, semelhante à formação nas demais engenharias.

Autor: Diário do Grande ABC