Falta de iluminação afasta visitantes de quatro dos principais parques de SP

SÃO PAULO – Quatro dos principais parques de São Paulo, por onde passam cerca de 1 milhão de pessoas por mês, estão às escuras. Problemas de iluminação afastam corredores e outros usuários do Ibirapuera e do Parque do Povo, na zona sul. Do outro lado da cidade, o Parque da Juventude chega a lembrar um matagal abandonado, tamanha a penumbra à noite. Parte do Parque da Água Branca, que voltou a ficar aberto até as 21h30 na semana passada, após conserto no novo sistema de iluminação, também sofre com o problema.

Por causa do escuro, o policiamento tem sido reforçado nesses quatro parques. Reaberto à população em setembro de 2008, o Parque do Povo, no Itaim-Bibi, parece uma base da PM de tantas viaturas que entram a partir das 18 horas. A pista de caminhada do parque fica com a maior parte das lâmpadas apagadas. Nas quadras de futebol de salão e basquete, holofotes só começam a ser ligados por volta das 19h. Mas há quadras em que as lâmpadas nem são acesas.

“Aqui nós estamos ficando craques de tanto jogar no escuro. Pode ver que, em uma área nobre como essa, as quadras e a pista de corrida ficam vazias. Muita gente se afastou do parque por causa da escuridão, muitas mulheres não têm coragem de virem sozinhas”, reclama o médico Daniel Tavares, de 42 anos, morador no Itaim e usuário do parque há três anos.

No playground do Parque do Povo e nas laterais do campo gramado também não existe iluminação. “Adoraria trazer meus filhos aqui, mas eles ficam no parquinho do prédio. Não dá pra deixá-los sozinhos aqui na escuridão e ir correr”, diz a webdesigner Luciana Diehl, de 36 anos, moradora de Pinheiros.

Perto do Itaim, no Parque do Ibirapuera, o mesmo problema ocorre na pista de corrida de seis quilômetros. “Não dá pra enxergar nada aqui à noite. Se não posso vir até as 18h, acabo desistindo”, conta a pedagoga Glauce Nastari, de 31 anos. Segundo a Prefeitura, a pista fica em uma área de proteção de fauna e, por isso, a iluminação é desligada ou reduzida. O mesmo argumento foi usado para explicar a escuridão no gramado e no playground do Parque do Povo.

Abandono. A pior situação foi encontrada pela reportagem no Parque da Juventude, criado em 2003 no terreno de 250 mil metros quadrados onde ficava a Penitenciária do Carandiru. Na pista de corrida, que fecha às 19h, as pessoas não conseguem enxergar o que está 20 metros à frente. Entre 18h e 19h, dezenas de guardas vigiam o local para evitar que jovens usem drogas ou façam sexo no espaço.

O parque, a academia e oito das dez quadras do parque também estão sem iluminação. A praça na frente do parque, ao lado da biblioteca, também não tem iluminação alguma. “Jogamos tênis no escuro mesmo e vai acertando a bolinha na sorte”, brinca o comerciante Paulo Nair, de 56 anos. “Esse parque, quando abriu, era uma maravilha, tudo organizado. Agora está totalmente abandonado”, lamenta Nair.

Para quem caminha à noite perto do Bosque das Palmeiras, no Parque da Água Branca, a falta de luz também tem causado insegurança. Mesmo para quem corre por volta das 18h, quando ainda está escurecendo, a situação é ruim – no trecho onde estão antigas cocheiras, por exemplo, não dá para enxergar nada à frente. É fácil tropeçar nos entulhos de obra que estão por toda a parte.

Autor: O Estado de S.Paulo