Este é o primeiro mapa já feito da espessura dos gelos na calota polar. [Imagem: CPOM/UCL/ESA]
O primeiro mapa de espessura dos gelos marinhos, resultante da missão da ESA CryoSat, foi apresentado durante o evento Paris Air and Space Show.
Estas novas informações irão contribuir para uma mudança na forma como interpretamos as complexas relações entre os gelos e o clima.
De uma altitude ligeiramente acima dos 700 km e atingindo as latitudes, sem precedentes, de 88º, o CryoSat passou os últimos sete meses recolhendo medições precisas para o estudo das alterações na espessura dos gelos terrestres.
Já ficou demonstrado por dados de satélite que a extensão dos gelos marinhos no Ártico está diminuindo – na primavera de 2011 foi registrado o terceiro valor mais baixo para a extensão dos gelos árticos já registrados por satélites.
No entanto, para que se perceba por completo a forma como as alterações climáticas estão afetando as regiões polares, é necessário determinar com exatidão em que medida a espessura dos gelos está mudando.
Graças à sua órbita polar, o Cryosat também está sendo usado para mapear o gelo na Antártica. [Imagem: CPOM/UCL/ESA/Planetary Visions]
Pontas dos icerbergues
“O que é verdadeiramente interessante acerca destes resultados é que mostram não só que o hardware é de fato excelente – o que já sabíamos – mas também que é capaz de fornecer a informação científica de que necessitamos,” afirmou Duncan Wingham, da Universidade Técnica da Dinamarca.
O CryoSat mede a altura dos gelos marinhos acima da linha de água, conhecido como freeboard, para calcular a espessura.
Os valores utilizados na construção deste primeiro mapa do Ártico foram obtidos a partir de medições efetuadas entre Janeiro e Fevereiro de 2011, justamente quando os gelos atingem o seu máximo anual.
Os dados são excepcionalmente detalhados, acima mesmo das especificações de projeto. Chegam a mostrar marcas no Ártico central que refletem a resposta dos gelos ao vento.
Clima em mutação
“Este excelente resultado chega apenas um ano após o lançamento. É mais um passo importante no sentido de atingirmos um dos principais objetivos da missão, nomeadamente entender de que forma o gelo marinho do Ártico está diminuindo de espessura, como resultado de um clima que está mudando,” disse Volker Liebig, da ESA.
Graças à sua órbita, o CryoSat forneceu uma cobertura extra: partes da Antártida podem ser vistas pela primeira vez a partir do espaço.
Além disso, as sofisticadas técnicas de radar do CryoSat permitem monitorar com detalhe a espessura do gelo na junção entre os lençóis de gelo e o oceano. Isto é muito importante, já que é nesta região que estão ocorrendo as alterações.
Mapas do gelo
Dados preliminares indicam que os gelos do Ártico estão diminuindo. Contudo, ainda não havia formas de medir essa variação com precisão.
Para responder a esta questão, um grupo de cientistas encabeçado por Duncan Wingham, da Universidade College London, propôs à ESA, em 1998, a missão CryoSat.
A perda do CryoSat original, em 2005, como resultado da falha de um lançamento, tornou a espera maior do que seria normal.
O lançamento do satélite de substituição, em Abril de 2010, resultou nestes primeiros mapas de espessura do gelo, a primeira das contribuições que a missão CryoSat fará para o avanço da ciência polar.
A comparação dos mapas ao longo do tempo dará informações precisas sobre a variação da espessura dos gelos flutuantes.
Autor: ESA