Legado dos Jogos Pan-Americanos, o Velódromo do Rio, no Autódromo de Jacarepaguá, tem aquela que é considerada a melhor pista de ciclismo da América Latina. A instalação, que custou R$ 14,1 milhões (valores de 2007), é usada no treinamento de atletas, em projetos sociais com crianças e já foi até cenário de novela. A estrutura atual, no entanto, pode estar com os dias contados. O Velódromo deverá ser reconstruído para ter os padrões exigidos para as Olimpíadas de 2016.
Capacidade terá de passar de 1.500 para 5 mil lugares
A informação foi divulgada na segunda-feira pela Federação de Ciclismo do Rio. O Velódromo tem capacidade para 1.500 lugares, mas, para atender aos padrões olímpicos, seriam necessários cinco mil. Além disso, será preciso ampliar a capacidade de vestiários e a quantidade de boxes para bicicletas. Mas não é possível fazer as obras sem mexer na estrutura. E os problemas estão justamente neste ponto.
– O prédio é sustentado por duas pilastras no meio da estrutura, obstruindo a visualização completa da pista. Como em outros esportes, os árbitros precisam ter uma visualização completa da pista para poder estudar eventuais faltas cometidas. Tecnicamente não dá para resolver – disse o presidente da Federação de Ciclismo, Cláudio Santos.
Em 2006, quando o ex-prefeito Cesar Maia decidiu construir um velódromo para o Pan, a prefeitura alegou que estrutura olímpica custaria R$ 35 milhões, optando por um projeto mais simples. Mas alegou, na época, que a construção seria modular, e bastariam algumas pequenas adaptações, caso o Rio conquistasse os Jogos Olímpicos.
– Não é bem assim. Hoje o Velódromo sequer pode receber competições internacionais porque elas não serão reconhecidas pela Federação Internacional, devido à obstrução da visão dos árbitros. No caso do Pan, deve ter havido uma autorização excepcional, pois os resultados foram homologados – disse o diretor de Pista da Federação de Ciclismo, Antônio Ferreira.
Esta não será a primeira estrutura do Pan a ser reformulada. O Maracanã, que passou por uma revitalização, está enfrentando outra reforma para a Copa, cujo custo está hoje em mais de R$ 700 milhões. O Parque Aquático Maria Lenk, projetado com nível olímpico a um custo de R$ 85 milhões, só poderá receber as provas de nado sincronizado. O Comitê Olímpico Internacional (COI) mudou as regras de lotação, exigindo capacidade para 15 mil espectadores. Mesmo com estruturas provisórias, o Maria Lenk comportaria 12 mil pessoas.
O secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, admitiu que apenas a pista de pinho siberiano do Velódromo, importada da Holanda, poderá ser aproveitada. Mas ele não descarta construir um velódromo provisório, que seria remontado em outro lugar após os Jogos.
A nova estrutura poderia ser empregada para o treinamento das equipes enquanto as obras de ampliação do atual Velódromo não terminassem. Ou mesmo como instalação olímpica, eliminando a necessidade de reconstruir o atual.
Embora a prefeitura tenha interesse de manter o Velódromo onde está, Leyser não descarta a hipótese de a estrutura com capacidade olímpica ser erguida em um outro ponto do Autódromo. Segundo ele, o Plano Diretor do futuro Parque Olímpico – que será escolhido por um concurso público internacional lançado ontem pela prefeitura e coordenado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) – definirá a melhor localização.
O prefeito Eduardo Paes informou na segunda-feira que um dos integrantes da equipe com papel-chave nos preparativos olímpicos deixará o cargo. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Felipe Goes, recebeu um convite da iniciativa privada.
Autor: O Globo