Pelo menos cinco pontos formam o grande gargalo do trânsito no Grande ABC. Mas possuem, sim, solução, conforme apontaram os engenheiros e especialistas no setor Luís Célio Bottura, que presidiu a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), e Sergio Ejzenberg, que trabalhou na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo.
A convite do Diário, eles sobrevoaram a região. viram pontos responsáveis pelos principais problemas do tráfego e apontaram projetos que podem, senão resolver, pelo menos aliviar a situação. Série de reportagens do Diário mostrou o sofrimento de motoristas, usuários de ônibus, ciclistas e motociclistas no caótico trânsito da região, causado sobretudo pela falta de planejamento e da inoperância das prefeituras e do Consórcio em buscar soluções conjuntas.
Parte do problema viário em São Caetano está no entroncamento Estrada das Lágrimas, Avenida Lauro Gomes, Doutor Rudge Ramos e Guido Aliberti. Desafogaria o trânsito ali uma via que fosse da altura da Praça Mauá até a Avenida Professor Luís Ignácio Anhaia Melo, na Vila Prudente, já na Capital. “Enquanto trabalhei para o Estado sugeri essa obra, que não foi levada adiante. O espaço sobre o Ribeirão dos Meninos pode ser usado para fazer essa avenida”, projetou Bottura.
Pela sua avaliação, as pavimentações dos bairros Santo Antonio e São José não vão suportar o trânsito que vai surgir nos próximos anos. Isso por conta do Espaço Cerâmica, grande empreendimento que vai abrigar moradias, comércio e empresas de tecnologia.
As vias que atendem àquela região são praticamente duas: Avenida Guido Aliberti e Rua Major Carlos Del Prete. “É um grande empreendimento, mas com poucas alternativas para o fluxo de carros”, apontou Ejzenberg.
Em Santo André, a Avenida Dom Pedro II precisa de mais faixas. “A sinalização também deve trabalhar a favor do trânsito, pois é uma região com muitas moradias e capacidade viária que não comporta”, sustentou. “Percebe-se que o perfil de ocupação nessa área mudou ao longo dos anos. Hoje prevalecem prédios de moradia, ao contrário de indústrias”, pontuou Ejzenberg.
As alças da via Anchieta no Km 18, que dá acesso a São Bernardo pela Lucas Nogueira Garcez e a Diadema pela Avenida Piraporinha, precisam ser revistas. “A Anchieta fica congestionada, assim como as avenidas (Piraporinha e Lucas Nogueira Garcez). É uma rotatória que atrapalha o fluxo, com reflexo no trânsito da região central de São Bernardo”, continuou o engenheiro Ejzenberg. O problema que começa nesse ponto também prejudica Santo André e Diadema.
O Corredor ABD/Anel Viário Metropolitano, projeto do qual Bottura participou, começa a complicar assim que passa por baixo da Anchieta e adentra São Bernardo. “A entrada para o bairro (Rudge Ramos) deveria ser eliminada. O trânsito sai da Anchieta, vai para a avenida e acontece o trancamento. Isso tem de ser eliminado”, orientou o engenheiro. Ele criticou o projeto de rebaixamento da Lions. “Seria melhor investir tudo em uma via que ligasse a avenida até o Metrô Jabaquara.”
Bottura também conhece bem a Avenida Maria Servidei Demarchi. “Essa via tem alguns pontos de gargalo próximo à Volkswagen e às transportadoras de carros, além da alça de acesso à Anchieta.”
Autor: Diário do Grande ABC