Uma mudança no cenário da pesquisa científica mundial irá reposicionar os Estados Unidos como um personagem importante, mas não mais como líder dominante.
E essa mudança ocorrerá já na próxima década, segundo um estudo feito na Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Por outro lado, a análise aponta que o país poderá se beneficiar do novo panorama, caso adote políticas para compartilhar o conhecimento com a comunidade científica mundial.
Crescimento da China
“O que está emergindo é um sistema científico mundial no qual os Estados Unidos serão um participante entre muitos outros”, disse Caroline Wagner, autora do estudo.
Segundo ela, a entrada de mais países tem mudado o cenário da pesquisa mundial.
De 1996 a 2008, a porcentagem de artigos científicos publicados pelos Estados Unidos em relação ao total mundial caiu 20%.
Caroline atribui esse resultado não a uma queda nos esforços de pesquisa no país, mas ao crescimento exponencial observado em países como China e Índia.
A mudança principal está entre os chineses, que já ultrapassaram os norte-americanos na publicação de artigos em áreas como ciência natural e engenharia.
Se as taxas de crescimento atuais forem mantidas, de acordo com a análise, a China publicará mais que os Estados Unidos em todas as áreas do conhecimento já em 2015.
De acordo com Caroline, embora a China ainda esteja atrás na qualidade – medida por indicadores como fator de impacto e citações -, a diferença nesse ponto para os Estados Unidos também está diminuindo.
A China também deverá se tornar o primeiro país em número de cientistas.
Universidade invisível
O estudo aponta que recomendações típicas para estimular a pesquisa, como aplicar mais dinheiro no setor, não serão suficientes para garantir a supremacia científica norte-americana.
No lugar da estratégia tradicional do baixo retorno sobre o investimento, Caroline recomenda que os Estados Unidos passem a adotar uma política mais eficiente de compartilhar o conhecimento ao atrair para o país especialistas que desenvolveram melhores capacidades do que seus colegas norte-americanos em determinadas áreas.
Outros países também podem fazer o mesmo com relação aos pesquisadores norte-americanos.
A autora do estudo discute a possibilidade de uma comunidade global nos moldes da “universidade invisível”, termo que deriva do século 17 e que descreve as conexões entre cientistas de disciplinas e locais diversos para criar uma sociedade científica mundial.
Autor: Agência Fapesp