Engenheiros, voltem à profissão!

Um projeto pioneiro encabeçado pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp) em Bauru pretende reintegrar ao mercado de trabalho engenheiros civis que deixaram de atuar na profissão por conta da falta de perspectivas de anos atrás. Com o recente aquecimento do setor da construção civil e a consecutiva falta profissionais para elaborar projetos, a entidade abriu inscrições para o retorno à ativa daqueles que já possuem anos de formação, mas estão afastados da engenharia.

A ideia é que eles reingressem no mercado por meio do Programa de Moradia Econômica (Promore), onde poderão readquirir prática na área através do suporte de colegas experientes. “Na verdade, como a atuação no Promore não se dá em tempo integral, com possibilidade de realizar visitas às obras e elaboração de projetos nos finais de semana, nada impede que o profissional permaneça em sua atividade atual até que sinta segurança para dedicar-se totalmente à engenharia”, adianta o diretor regional do sindicato, Carlos Augusto Ramos Kirchner.

No Promore, voltado à elaboração de projetos para famílias de baixa renda, a remuneração do engenheiro é relativamente baixa. Por isso, o objetivo principal do projeto é fazer com que o profissional possa ganhar alguma prática para, posteriormente, conseguir se consolidar novamente no mercado.

Kirchner explica que, devido à falta de perspectivas de trabalho nas décadas de 1980 e 1990, muitos engenheiros civis formados migraram para outros ramos em busca de sucesso profissional e acabaram desistindo da carreira. Ele lembra, no entanto, que o panorama atual, com a retomada acentuada da atividade econômica, é muito distinto do de 20 anos atrás, o que reflete na pouca oferta de engenheiros civis não somente em Bauru, mas no Brasil inteiro.

Déficit

Como resultado, muitas empresas – tais como construtoras e incorporadoras – passaram a buscar profissionais ainda nas escolas de engenharia. É o que tem ocorrido, por exemplo, na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru. “Em 2009 e 2010, todos os alunos saíram da faculdade com emprego garantido. São alunos que costumavam procurar o Promore, mas já não o fazem mais com a mesma intensidade. Com isso, passamos a enfrentar uma dificuldade muito grande para repor profissionais”, assinala o diretor do sindicato.

De fato, de acordo com o professor José Ângelo Cagnion, vice-diretor da Faculdade de Engenharia de Bauru da Unesp, o momento é excelente para os profissionais da área. Em geral, eles deixam as salas de aula com propostas salariais que giram em torno de R$ 5 mil. Há pouco mais de três anos, a remuneração inicial não passava de R$ 1,5 mil, em média.

“Existe um déficit muito grande de profissionais da área. A explosão que houve na construção civil e ainda permanece faz com que o profissional saia da faculdade empregado e com um salário acima da média das outras profissões”, cita.

No Promore, trabalham 14 profissionais, entre engenheiros e arquitetos. Com o crescimento da demanda que absorveu toda a mão de obra de recém-formados, o retorno de profissionais com mais tempo diploma se tornou uma possibilidade extremamente propícia e viável, conforme observa Kirchner. “Mesmo aqueles que estão realizados em novas profissões, mas ainda são apaixonados pela sua área de formação, poderão trabalhar no Promore, que exige apenas duas horas por semana de dedicação com hora marcada para atendimento dentro do sindicato”, frisa.

•Serviço 

Os profissionais interessados em fazer parte da equipe do Promore devem se dirigir à sede do Sindicato dos Engenheiros, na rua Constituição, 8-71, Higienópolis, para preenchimento da ficha de credenciamento. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3224-1970.

Autor: Jornal da Cidade de Bauru