O Ceará conquistou, pela terceira vez consecutiva, o Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável, com o projeto “Aproveitamento de resíduos provenientes da indústria siderúrgica para construção de pavimentos econômicos no Estado do Ceará”. Elaborado pelos estudantes Francisco das Chagas Isael Teixeira Cavalcante e Synardo Leonardo de Oliveira Pereira, alunos do último semestre do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará (UFC), o projeto foi orientado pela professora Suelly Helena de Araújo Barroso, doutora em Engenharia de Transportes pela Escola de Engenharia de São Carlos/USP, docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes e coordenadora da Área de Solos do Laboratório de Mecânica dos Pavimentos (LMP) da UFC.
De olho no potencial de produção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) – cuja etapa inicial prevê a produção de 6 milhões de toneladas de placas de aço, a partir de 2012 -, a ideia dos estudantes cearenses é utilizar a escória de aciaria (resíduos provenientes da produção de aço) para fabricação de revestimento asfáltico. “Analisamos a aplicação de detritos da indústria siderúrgica como substituto à brita, para construção de pavimentos. A escória de aciaria pode ser utilizada na fabricação de camadas granulares e no revestimento de pavimentos”, explica Suelly. O material, além de ambientalmente correto, também resulta em benefícios econômicos. “O pavimento feito de escória pode ser utilizado nas chamadas rodovias de baixo volume de tráfego (RBVT), nas quais é necessário o emprego de revestimentos mais delgados e econômicos”.
Segundo ela, os resultados mostraram que há viabilidade técnica, econômica e ambiental para o emprego desses resíduos na área de pavimentação no Brasil inteiro, já que as RBVT representam de 60% a 85% das estradas nacionais. No Ceará, o Departamento de Edificações e Rodovias (DER) definiu como este tipo de rodovia aquela com volume médio de tráfego inferior a 200 veículos/dia.
Matéria-prima para a produção de pavimentos não falta. Segundo estimativas do Instituto Aço Brasil (IABr), nova denominação dada ao Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), a produção esperada para o ano de 2010 gira em torno de 33,1 milhões de toneladas de aço, superando a produção do ano anterior. E para cada tonelada de aço produzida, cerca de 140 a 170 kg de escória são gerados.
O trabalho premiado tem apoio da Petrobras, através dos projetos da Rede de Asfalto Norte/Nordeste. A pesquisa foi iniciada em 2007 e, para que rendesse bons frutos, houve contribuição de outros orientados da professora Suelly que participam do Grupo de Solos do LMP, como o mestre em Engenharia de Transportes, Paulo Roberto Reis Loiola, o primeiro a trabalhar, naquele laboratório, com o uso de escórias em tratamento superficial de rodovias; Antônio Nobre Rabêlo (mestre em Engenharia de Transportes) e Marcos André de Sousa Araújo (técnico do LMP).
Critérios
O projeto cearense foi um dos cinco vencedores, ao lado de iniciativas de alunos de universidades de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com a Odebrecht, todos foram analisados por uma comissão julgadora sob a ótica da viabilidade econômica, responsabilidade ambiental e inclusão social.
Resíduos e entulhos receberam destaque nesta edição da premiação. Segundo o diretor de sustentabilidade da Odebrecht, Sérgio Leão, isto retrata a importância do assunto para a engenharia, que tem na geração de resíduos uma das principais preocupações de desenvolvimento de novas tecnologias e processos que visam economia, menores impactos ambientais e sociais, com soluções econômicas e adequadas aos locais de sua construção.
A novidade do Prêmio é a internacionalização. Além do Brasil, Venezuela, Peru, Angola e República Dominicana, terão a primeira edição d e reconhecerão soluções para o desenvolvimento sustentável.
Autor: Diário do Nordeste