Caros amigos e colegas. É um privilégio recebê-los todos nesta solenidade festiva dos 94 anos do Instituto de Engenharia. Esta Casa foi fundada precisamente em 13 de outubro de 1916.
Nada mais significativo para esta comemoração que rendermos uma justa homenagem ao querido associado Eng. Abrahão Yázigi Neto. Ele é sócio do Instituto desde 1936. São 74 anos de filiação contínua e frequência assídua. Ele é membro ativo do Centro Democrático dos Engenheiros, parte desta casa, sempre emitindo opiniões políticas e profissionais plenas de sabedoria, condizentes com a sua sólida formação moral e cívica aprimorada a cada ano que passa. O Eng. Abrahão tem 99 anos de idade em plena e brilhante lucidez. Orgulhamo-nos de ser seus colegas e compatriotas. A ele caberá hoje a outorga do Prêmio Paula Souza, que leva o nome do fundador do Instituto de Engenharia, rara comenda conferida pela Casa. Daqui a pouco saberemos um pouco mais a respeito do homenageado.
Mas esta festa ainda abrigará outro evento muito importante. Dentre os principais projetos que compõem os compromissos desta Diretoria, que tenho a honra de presidir, em busca da modernidade, ora exigida pela comunicação instantânea e pela globalização das civilizações, figura a valorização da representatividade externa do Instituto, sobretudo por meio da aproximação a entidades e organizações correlatas. De fato temos nos relacionado de modo contínuo e profícuo com as coirmãs APEOP, SECOVI, SINDUSCON, SINAENCO e SINICESP, além de diversas outras entidades de classe da Engenharia Paulista e de outros segmentos econômicos, praticamente todas hoje aqui representadas. Em conjunto temos discutido e manifestado opiniões da classe em assuntos políticos e doutrinários, além daqueles exclusivamente técnicos.
Gostaria de proferir um discurso apenas festivo, mas, meus caros colegas presidentes, precisamos persistir em nossos atos de democracia e levar à sociedade o pensamento dos cidadãos formados em engenharia. Precisamos olhar com sobriedade o atual surto de progresso econômico, para entender se é consistente, sustentável e duradouro, ou se não passa de uma “bolha” efêmera. Precisamos ter a sabedoria para verificar se nosso País está coadunado com o mundo global, ou somos apenas um repositório de especulação. Precisamos saber se nossa profissão – no ensino, na prática e na regulação – está estruturada para os desafios da globalização.
Muito há que se pensar e discutir. Parece ser imperativo não adiarmos mais a reforma constitucional. Uma constituição de 250 artigos, promulgada há apenas 21 anos, já possuía em 2009, 322 propostas de emendas constitucionais. Algo está errado, não lhes parece? Talvez esse fato acabe por incentivar o ideário exótico, ultrapassado e incompatível com nossa democracia exposto no Decreto do 3.º PNDH. Ali pouco se refere aos direitos humanos, porém todo o seu arcabouço é de uma nova constituição que traduz a legalização do aparelhamento do Estado. No mínimo, subverter a hierarquia legal com a pretensão de um decreto superar a constituição, indica a necessidade de cuidados especiais.
Outros diplomas legais, ora interferentes com nossa atividade profissional de engenheiros, merecem ser discutidos e alterados. Vemos surgirem movimentos contra a corrupção, imaginando-se que com discurso ou por decreto esse cancro será eliminado. O que há é uma horrível leniência, disseminada em todo o País com relação à decência e moralidade. Poucos se dão conta disso por causa do analfabetismo efetivo e funcional que grassa pelo País, onde há a apologia da ignorância. Perguntaram-me outro dia se seria possível fazer um elenco de fraudes comuns em licitações e contratos. Só pude responder que não é necessário ter esse trabalho: a Lei 8.666 é o roteiro das fraudes. Precisa ser refeita à luz de um choque de ética, de moralidade e, sobretudo, de inteligência.
Sob a diretriz de bem servir à sociedade, o Instituto de Engenharia ofereceu a Casa e os préstimos de coordenação às principais escolas de engenharia do Estado de São Paulo. Com prontidão e entusiasmo, os professores aqui se reuniram em diversas vezes e, com desprendida cidadania, discutiram e elaboraram um excepcional documento para o Ministério da Educação (MEC) reestruturar os cursos de engenharia ali registrados. Pasmem senhores, no MEC constavam 258 títulos de engenharia. Nossos caros professores, hoje todos membros do IE, proficientemente reduziram o elenco para 53 títulos devidamente acompanhados dos respectivos programas e conteúdo de ensino, sem o que seria apenas mais uma ação governamental natimorta. O MEC prossegue em suas tarefas já abrigando o nosso grupo como parte integrante das suas comissões.
Fruto subsidiário dessa ação, o presidente do CONFEA nos convidou a indicarmos dez membros para participar da equipe redatora da denominada matriz do conhecimento técnico que disciplinará os referenciais de currículos escolares objeto da Resolução 1010.
Porém, nossos esforços de expansão participativa do IE na sociedade técnica foram muito além. Após a nossa posse na Diretoria Executiva, procurou-nos o colega Jaime Sunye, presidente do Instituto de Engenharia do Paraná e, naquele mesmo dia, comprometemo-nos mutuamente a organizar uma associação das entidades de classe mais antigas que o Sistema CONFEA-CREA, hoje com 76 anos de existência. Pouco depois essa ideia foi totalmente absorvida pelo presidente do CONFEA, Eng. Marcos Túlio, e, em reunião no Clube de Engenharia, do Rio de Janeiro, compactuamos fundar a CONEPE – Congregação Nacional das Entidades Pioneiras de Engenharia. Ali estavam reunidas seis das sete entidades mais antigas: o Clube de Engenharia (RJ), o Instituto de Engenharia (SP), o Clube de Engenharia de Pernambuco, o Instituto de Engenharia do Paraná, a Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul e a Sociedade Mineira de Engenheiros.
Sequencialmente, dia 29 de setembro de 2009, em São Paulo, nesta sede do IE, as seis entidades assinaram o Protocolo de Intenções da CONEPE e, dia 25 de fevereiro de 2010, em Brasília, a sua Ata de Fundação. Infelizmente, vetado por seu Conselho Deliberativo, o Clube de Engenharia (RJ) não pode continuar participando da Congregação. Porém, na Semana Oficial da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, realizada no mês de agosto de 2010, em Cuiabá, o Clube de Engenharia do Pará, também mais antigo que o Sistema CONFEA-CREA, aderiu à CONEPE.
Essa Congregação é uma união de esforços de entidades regionais sediadas em seis estados brasileiros: Pará, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, para, solidariamente, desenvolverem suas missões em âmbito nacional. Por outro lado, a CONEPE já dispõe de assento no Colégio de Entidades Nacionais – CDEN – do CONFEA, podendo cada uma das congregadas levar suas opiniões àquele órgão regulador da profissão. Presente está o Eng. Bayma, presidente do CDEN, prestigiando este evento. É nosso propósito e esperança conseguirmos em curto prazo a adesão das associações de engenheiros mais antigas em cada uma das demais unidades da federação, incluindo o Rio de Janeiro se assim o desejar.
Os objetivos da Congregação Nacional das Entidades Pioneiras de Engenharia são:
• Expansão dos interesses solidários das entidades congregadas para todo o território nacional;
• Manter representação no CONFEA;
• Engrandecer a engenharia brasileira, conquanto técnica, ciência e arte;
• Ampliar a oferta de benefícios aos associados de cada entidade congregada;
• Fundar a REVISTA TÉCNICA DA ENGENHARIA BRASILEIRA para publicação, discussão e consolidação de trabalhos técnicos de engenharia, como referências em âmbito nacional.
Daqui a pouco apresentarei os presidentes das entidades pioneiras da engenharia brasileira, os quais assinarão os Estatutos da CONEPE.
Estou chegando ao fim desta delongada oração, mas preciso ainda nesta solenidade de aniversário, enaltecer a formidável dedicação dos componentes da nossa Diretoria Executiva, sempre presentes às reuniões realizadas religiosamente todas as segundas-feiras. O Instituto de Engenharia deve muito aos abnegados colegas que citarei. Peço que cada um se levante para receber nossa manifestação de gratidão.
• Camil Eid, V.P. de Administração e Finanças, fazedor de mágicas.
• Marcelo Rozenberg, V.P. de Atividades Técnicas, incansável colaborador, em cujo nome estendo minhas congratulações a todos os diretores dos departamentos e divisões técnicas da Casa.
• Sonia Freitas, V.P. de Relações Externas, grande porta-voz da casa, hoje representada por seu diretor de Relações Internacionais, Miracir Marcato.
• Amandio Martins, V.P. de Assuntos Internos, agregador eficientíssimo e todos os seus operosos diretores, com especial destaque do Núcleo Jovem. Em nossa gestão, ingressaram no quadro social mais de 600 acadêmicos de engenharia. Aí está o nosso futuro.
• Cláudio Arisa, V.P. da Sede de Campo, estóico guardião do Acampamento.
• Nelson Aidar, diretor Financeiro, sempre atento e presente.
• Miriana Marques, 1.ª Diretora Secretária, dedicação em pessoa, auxiliar e coordenadora dos nossos principais projetos.
• Marcos Moliterno, 2.º Diretor Secretário, assíduo partícipe das reuniões.
• Victor Brecheret Filho, Assessor da Presidência, nosso homem da comunicação.
• Walter Merlo, Gerente Executivo, mantenedor e propulsor dos projetos da Presidência.
• Rui Camargo, Secretário do Conselho Deliberativo, interlocutor do conselho com a diretoria.
• João Ernesto Figueiredo, Presidente do Conselho Consultivo, vigilância e prudência nas decisões.
• Marco Antonio Machado, operoso Superintendente da Câmara de Mediação e Arbitragem do IE.
A cada um será entregue um diploma de honra ao mérito, como preito de gratidão.
Não posso deixar de mencionar o trabalho voluntário e inteligente dos membros dos nossos conselhos Deliberativo, Consultivo e Fiscal, cujas sugestões, definições e apoio muito têm contribuído para o soerguimento do Instituto.
Finalizando, expresso também a nossa gratidão a todos os nossos competentes funcionários, sem exceção, os quais mantém a Casa organizada a serviço dos engenheiros.
Autor: Aluizio de Barros Fagundes