Os recursos hídricos e sua biodiversidade estão em crise no planeta, tudo por conta da ação humana. Hoje, 65% das espécies estão ameaçadas de extinção, principalmente por viverem em rios que sofrem diretamente os impactos das atividades econômicas e que estão sob a ameaça da poluição ali despejada, das grandes barragens e das práticas de pesca predatória. Mais: cerca de 3,4 bilhões de pessoas dos países pobres e emergentes estão sujeitas a escassez de água pelos mesmos motivos.
As informações são do estudo “Ameaças globais à segurança hídrica e à biodiversidade dos rios”, publicado na versão online da revista científica Nature, de 29 de setembro. O trabalho de pesquisa foi conduzido por especialistas da Universidade de Nova York e da Universidade de Wisconsin, além de sete outras instituições.
As ações para remediar a situação custariam aos países, juntos, cerca de R$ 850 bilhões por ano.
Segundo o estudo, a porção brasileira do rio Amazonas ainda está bem preservada, em comparação à nascente, situada no Peru. “A maior parte do Amazonas está sob risco moderado, porque há baixa ocupação humana na sua extensão e há grandes porções de florestas no entorno”, relata o documento.
Em geral, “os rios mais ameaçados do país são justamente os que estão mais próximos dos grandes centros urbanos, nas regiões Sudeste e Nordeste.”
Entretanto, alguns rios atravessam diversas comunidades e isso significa que um ato isolado, pode causar impactos em todas as pessoas que de alguma forma se relacionam com ele.
Os resíduos poluentes jogados no rio Tietê, por exemplo, que atravessa o Estado de São Paulo e é o mais poluído do país, são o resultado de descartes operado pelos agentes da cidade, sejam moradores ou estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas. Esgotos não tratados, efluentes químicos, todo tipo de lixo e até móveis, sem falar nos plásticos, que chegam ao rio irregular ou ilegalmente, são a causa da poluição que deteriora as condições da água e acaba com o oxigênio, causando a morte de organismos e dos peixes. Além de prejudicar a pesca artesanal, o rio, morto, torna-se um vetor de doenças graves para as comunidades banhadas por suas águas.
“O consumidor precisa tomar consciência que seu consumo individual tem impactos não só no meio ambiente, mas também na sociedade e na economia e, deve buscar maximizar os positivos e minimizar os negativos”, afirma Camila Mello, gerente de Mobilização Comunitária do Instituto Akatu.
Entre 1992 e 2008, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) gastou R$ 2,7 bilhões em ações de limpeza, despoluição e instalação de sistemas de tratamento de esgoto no rio Tietê.
“Considerando que esse mal poderia ser amenizado por meio do descarte correto dos resíduos, boa parte dessa verba poderia ter sido usada para melhorar a qualidade de serviços públicos como saúde, educação e segurança”, destaca Mello.
A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou 2010 como Ano Internacional da Biodiversidade.
Autor: Ambiente Já