Modelo de gestão atual da área urbana de São Paulo precisa de reformas

Necessidade foi exaltada por participantes durante primeira palestra da 12ª Semana Fiesp/Ciesp de Meio Ambiente, nesta segunda-feira (7) 

Diversos ajustes precisam ser realizados no modelo de gestão atual que rege os centros urbanos, ressaltaram os palestrantes e debatedores na palestra “A urbanização paulista: histórico e perspectivas”, no primeiro dia da XII Semana Fiesp/Ciesp de Meio Ambiente.

Para uma das debatedoras, Stela Goldenstein, assessora do gabinete da Secretaria de Economia e Planejamento e também assessora especial do Governo do Estado de São Paulo, é preciso planejar com uma análise fiel das necessidades de toda a região.

“É preciso firmar um modelo de gestão compatível com as necessidades de São Paulo, as três regiões metropolitanas e as muitas áreas que chamamos de aglomerações urbanas, ou seja, manchas urbanas que extrapolam os limites administrativos”, disse a assessora.

Segundo ela, os problemas urbanos mais significativos se dão de maneira geral e podem ser resumidos em questões de mobilidade, habitação, resíduos, tratamento de esgoto, saneamento, gestão de águas e política de valorização dos centros urbanos. Em relação à mobilidade, Goldenstein explicou que a tarefa não depende da ação isolada do poder público nem da iniciativa privada.

“É o dever de casa de todos. Exemplo disso é que, hoje, 56% das viagens de caminhões são feitas com as carrocerias vazias. E não há possibilidade de se exigir do poder público mais investimentos para se dar conta em uma falta de lógica da organização de transporte de cargas e passageiros”, pontuou.

Sobre o item valorização dos centros urbanos, a professora titular do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Marta Dora Grostein, argumentou que não basta apenas o planejamento das áreas centrais.

“A elas [áreas centrais] temos que associar à sua configuração físico-espacial um projeto urbano que liga com projeto arquitetônico, programas adequados às áreas.”

De acordo com a professora, é importante não deixar que antigas áreas industriais se transformem em condomínios residenciais fechados, criando ilhas isoladas no meio das cidades.

“O uso e a ocupação adequados do solo, com vistas na qualidade de vida da população, evita que tenhamos calçadas isoladas, sem atividades, em áreas, muitas vezes, enormes”, discursou. 

Grande avanço

Para o palestrante, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), José Pedro de Oliveira Costa, o debate sobre a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento urbano consciente representa um importante avanço no diálogo com a indústria.

“Nos anos 70, falar com os industriais sobre os cuidados com meio ambiente era uma anátema. Hoje, no entanto, há uma convergência de propostas e ideias entre os setores público e privado”, comparou o professor.

Projeto Serra do Mar

O segundo debate do dia abordou a situação das cerca de 7.500 famílias que vivem no município de Cubatão, onde o problema de pressão sobre as áreas do Parque Estadual da Serra do Mar é mais grave.

O assessor especial do governador e secretário-executivo do Projeto Serra do Mar, o coronel da polícia militar Elizeu Éclair Teixeira Borges, falou da gestão e prevenção de riscos naturais e tecnológicos.

“Como atender à recuperação do parque? Temos que oferecer unidades habitacionais e retirar as pessoas da área de preservação do parque. E somente o Estado consegue isso”, explicou.

Segundo o coronel Borges, existem áreas onde o risco é altíssimo, especialmente por acidentes com deslizamento de terra.

“Outro ponto preocupante é a ocupação ao lado da Rodovia Anchieta, devido ao transporte de cargas perigosas e até mesmo a acidentes com veículos. O posicionamento das habitações não é seguro”, concluiu.

Semana do Meio Ambiente

A Semana Fiesp/Ciesp de Meio Ambiente 2010 tem como objetivo a inserção e relação das indústrias com o meio urbano. A proposta é discutir os reflexos dos problemas urbanos para o desenvolvimento de São Paulo, seus ativos e passivos ambientais, com destaque para a região metropolitana.

As discussões prosseguem até quarta-feira (9), na sede da Fiesp. (Veja programação).

Autor: Fiesp