Primeiro navio do Estaleiro Atlântico Sul é batizado

Com plateia lotada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestigiou a cerimônia de entrega do casco e batismo do primeiro navio construído no Estaleiro Atlântico Sul, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, Ilha de Tatuoca, na manhã da última sexta-feira (7). O chefe do executivo brasileiro participou do evento ao lado do governador do Estado, Eduardo Campos, e da ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Estiveram presentes ainda o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende; o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos; o ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araújo; o presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Angelo Alberto Bellelis; o prefeito do Recife, João da Costa, o prefeito de Ipojuca, Pedro Serafim, entre deputados estaduais e federais e outras autoridades.

A cerimônia marcou o lançamento do primeiro navio Suezmax, batizado João Cândido, construído pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota/Programa de Aceleração do Crescimento (Promef/PAC). Trata-se da primeira embarcação de grande porte construída no Brasil a ser entregue ao Sistema Petrobras em 13 anos.

No discurso otimista, o presidente destacou que voltou no tempo para mostrar que conseguiu realizar um sonho tido como impossível. “Lembro quando especialistas do outro lado diziam que construir navios era impossível. Isso demarca claramente como as pessoas veem o seu País. Hoje, nós estamos aprendendo a ter de novo orgulho da gente, e o lançamento desse navio representa isso”, disse. “Além de gerar emprego e renda, o estaleiro deve ser levado a sério como autoafirmação de um povo que por muito tempo foi esquecido”, complementou.

O governador Eduardo Campos também destacou a importância do estaleiro para o Estado e para toda a região Nordeste. “Esse estaleiro marca, de maneira muito clara, um novo Nordeste. Mostrando que somos parte da solução brasileira. Vamos construir navios e plataformas de petróleo para o mundo inteiro. Investimos nele R$ 500 milhões em quatro anos, com dinheiro dos governos Federal e Estadual, além da iniciativa privada. Ao todo, mais de R$ 1 bilhão em obras neste sítio, que não é de Pernambuco, nem do Nordeste, mas do Brasil”, falou.

As palavras do governador foram reforçadas pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli “Esse estaleiro, que já foi chamado de virtual, hoje é real graças a decisões corajosas. Ele reflete na transformação social das pessoas que agora têm emprego aqui, além de abrir novo ciclo produtivo em Pernambuco”, disse.

Depois dos discursos, a comitiva foi conhecer o navio. Pintada nas cores vermelho e preto, a embarcação do tipo Suezmax tem 274 metros de comprimento e capacidade para transportar um milhão de barris de petróleo. O nome João Cândido é uma homenagem ao militar brasileiro que liderou a Revolda da Chibata, que completa cem anos em 2010. O levante foi pela abolição dos castigos corporais na Marinha de Guerra brasileira

“Esse navio vai para o cais de acabamento e em setembro ele fará a primeira viagem. E outros navios vão seguir o mesmo caminho”, falou o pelo presidente da Petrobras Transporte S/A (Transpetro), Sérgio Machado.

Em suas duas primeiras fases, o Promef prevê a construção de 49 navios no Brasil. Destes, 46 já foram licitados e 38 contratados. Os três restantes estão em fase final de licitação. Em junho, será lançado ao mar o segundo navio do programa, desta vez no Estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), a ser batizado de Celso Furtado, em homenagem ao importante economista brasileiro. 

Segundo navio sai até fim do ano 

O presidente Lula achou que, ainda na condição de “chefe” do Palácio do Planalto, não veria mais nenhum navio do Estaleiro Atlântico Sul (EAS) ser lançado ao mar. Eis que o líder cometeu um “pequeno” engano. O presidente da empresa, Angelo Belellis, fez questão de interromper o discurso presidencial para informar que até o fim deste ano deverá estar indo à água o segundo “filho”, que já está entrando nos processos iniciais de construção. Lula não quis guardar segredo e resolvel revelar logo o nome desta embarcação: “Eu escolhi homenagear Celso Furtado”, afirmou, em alusão ao doutor em economia e primeiro superintendente da Sudene. 

Todavia, antes de o segundo navio ir ao mar, o petroleiro João Cândido será totalmente concluído e enviado à Transpetro (subsidiária da Petrobras), que fez a encomenda para atender ao Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef I). De acordo com Belellis, o Suezmax ficará pronto até o fim de agosto, marcando a retomada da indústria naval brasileira. Trata-se da primeira embarcação de grande porte construída no Brasil a ser entregue ao Sistema Petrobras em 13 anos. A última havia sido o Livramento, cuja construção foi encomendada em 1987 e levou dez anos para ser concluída. 

O João Cândido tem 274 metros de comprimento, investimento de US$ 120 milhões e capacidade para um milhão de barris de petróleo (metade da produção diária nacional), e será utilizado, principalmente, para o transporte de longo curso (viagens internacionais). Cerca de 3,7 mil funcionários trabalharam na edificação do empreendimento. Sem contar com os dois navios citados, o EAS tem mais 20 encomendas de petroleiros, além da plataforma P-55. Com encomendas do Promef, o Brasil já é o quarto maior fabricante de navios petroleiros do mundo, pois a demanda hoje é de 49 navios. O segundo lançamento de navio do Promef está marcado para junho, no Estaleiro Mauá (Rio de Janeiro).

Autor: PE 360o.com e Portos e Navios