Em São Paulo, estações de metrô elitizam entorno

Áreas próximas das linhas do metrô de São Paulo estão passando por um processo de elitização. Pesquisa mostra que esse tipo de transporte, apontado como um dos mais eficientes, provoca valorização no entorno das estações. Com o tempo – e o aumento do custo de vida na região -, antigos moradores vão embora porque não conseguem manter o nível de vida e abrem caminho para a chegada de famílias menores, mas com mais poder aquisitivo. Um mesmo espaço passa, assim, a abrigar menos pessoas. Com os novos habitantes, vem a demanda por melhores serviços.

Essa dinâmica populacional é uma das conclusões da pesquisa Distribuição da População na Região Metropolitana de São Paulo, do engenheiro Carlos Eduardo de Paiva Cardoso. Publicado na Revista Engenharia em 2009, o estudo comparou os dados demográficos de 1997 e de 2007 da Pesquisa Origem Destino do Metrô. “O fato de o Metrô de São Paulo ser composto de poucas linhas, uma mercadoria rara, permitiu ao mercado aferir altos lucros por meio de lançamentos imobiliários”, diz a pesquisa.

Cardoso, que é mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, trabalha como analista de sistema e planejamento de tráfego e transporte da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

Valorização

Sempre que ocorre a implementação de uma nova infraestrutura pública, como é o caso da Linha 4-Amarela do Metrô, ela se torna um fator adicional de atratividade, o que faz o preço dos imóveis se elevar naturalmente. Essa é a opinião do diretor de Planejamento e Expansão dos Transportes Metropolitanos, Marcos Kassab. “O que não pode é deixar de instalar essa infraestrutura.” Ele associa esse aumento excepcional do preço dos imóveis a um aquecimento geral do mercado imobiliário no último ano.

Segundo ele, a população do centro expandido está estabilizada como um todo e isso não tem necessariamente a ver com o Metrô. Outros fatores poderiam explicar a queda da densidade populacional nessas regiões, como a mudança do perfil das famílias, que passaram a ter menos filhos.

Para ele, a dinâmica populacional abordada no estudo Distribuição da População na Região Metropolitana de São Paulo é muito complexa e não pode ser analisada diante de uma única variável: a instalação do metrô numa determinada área. “A linha é indutora de crescimento, qualidade de vida e aumento de serviços, mas isso se mistura com outras variáveis que podem contribuir para esse processo populacional.”

Autor: Agência Estado