Um grande moinho de vento se destaca no horizonte, flutuando no mar, a cerca de 12 km da costa sudoeste da Noruega. É o Hywind, o primeiro aerogerador flutuante instalado no mundo em mar aberto. Neste momento, ele é um protótipo para verificar a tecnologia.
“Ele está calculado para aguentar ondas de até 30 metros de altura”, explicou Oistein Johannessen, da empresa StatoilHydro, no barco que se aproximou da instalação. “Aqui o fundo do mar está a cerca de 220 metros, mas ele pode ser instalado em águas de até 700 metros de profundidade. O aerogerador está flutuando e amarrado com três tensores no fundo”, acrescenta. O moinho, segundo os engenheiros, balança no mar, mas não afunda: sua linha de flutuação sempre está no mesmo nível.
O Hywind é um cilindro de 200 metros, com a metade submersa e três pás de 42 metros de longitude em seu extremo mais alto, e outros 100 metros submersos, com oito metros de diâmetro, que serve de lastre. O enorme moinho, de 5.300 metros cúbicos e 138 toneladas, está amarrado com três cabos no fundo do mar. Foi instalado no mar do Norte no último verão europeu, e, no outono, começou-se a coletar dados sobre o seu funcionamento, gerando 2,6 megawatts, acrescenta Johannessen, durante uma visita ao Hywind patrocinada pelo governo norueguês. As futuras instalações operativas desse tipo estarão unidas à terra por cabos submarinos para transportar a eletricidade gerada.
No meio do mar, sem pontos de referência, não se pode apreciar o tamanho do moinho de alta tecnologia, até que o barco se coloque ao seu lado. Ao redor, não existe mais nada a não ser água. “Essa é a sua grande vantagem: por não estar perto da costa ele não oferece problemas ambientais à fauna, nem atrapalha os pescadores da zona nem os vizinhos que possam protestar pelo impacto visual ou pelo ruído dos aerogeradores convencionais”, destaca o representante da StatoilHydro. Além disso, os ventos são mais fortes e mais constantes em mar aberto do que na costa.
O Hywind é produto de uma aliança tecnológica entre a empresa alemã Siemens, que contribui com o aerogerador, e a experiência norueguesa no desenvolvimento e exploração de plataformas de gás e de petróleo flutuantes em mar aberto, comenta Borge Rygh Sivertsen, responsável pelos projetos de novas energias da StatoilHydro, em sua sede de Stanvanger (sudoeste da Noruega). A instalação da turbina no mar foi uma complexa operação realizada no começo do verão europeu com buques e gruas que foram montando as grandes peças que a compõem (os vários segmentos do cilindro primeiro e as pás depois).
Antes de passar para a turbina real em escala já industrial, os engenheiros projetaram e testaram um modelo de três metros de altura em um tanque de ensaios para estudar fatores essenciais como sua flutuabilidade e sua resposta ao fluxo das ondas.
Esse aerogerador é mais caro (o Hywind custou cerca de 40 milhões de dólares) do que um convencional de terra ou fixado em águas costeiras, mas os especialistas lembram que ele é um protótipo e que, se os ensaios validarem essa tecnologia, ela ficará mais barata e oferecerá muitas vantagens para produzir energia eólica.
Até agora, está previsto extrair todos os dados possíveis do funcionamento do moinho norueguês durante dois anos. Se tudo sair como previsto, o passo seguinte, afirmam os especialistas, será criar parques eólicos de moinhos flutuantes no oceano.
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Autor: El País
