A ampliação do sistema de abastecimento Guandu por meio da construção de uma gigantesca adutora que corta boa parte do Rio de Janeiro foi considerada a “obra do século” pelos veículos de comunicação brasileiros em 1960. O que pouca gente sabe é que o coração dessa obra, vital para a população fluminense, fica na Zona Oeste. Responsável por abastecer cinco milhões de pessoas, a Elevatória do Lameirão, em Santíssimo, faz parte do sistema e é a maior de água potável do mundo, segundo a Cedae.
A elevatória recebe metade do fluxo da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu. De lá, a água segue por gravidade por um túnel de 32 quilômetros até o Reservatório dos Macacos, no Jardim Botânico. Ao longo do percurso, a existência de alguns vales obrigou a construção de pontes-canais, ligando um maciço a outro. Cada uma tem 4,5 metros de altura por cinco metros de largura e aproximadamente 200 metros de comprimento. Essas estruturas ficam a 45 metros do solo e se concentram na Zona Oeste: no Viegas, em Bangu; dentro do Parque Estadual da Pedra Branca, em Realengo; e na Estrada do Catonho, em Sulacap.
— A adutora foi inaugurada em 4 de abril de 1966. A previsão era abastecer a Guanabara até 2000. Foi uma obra futurística — diz o chefe do departamento Lameirão da Cedae, Landerley Lemos de Abreu.
Em extensão, a adutora supera — em muito — a Ponte Rio-Niterói, que tem 13,2 quilômetros. Jornais dos anos 60 noticiaram que moradores da região chegavam a reclamar do excesso de água. Hoje, as críticas são direcionadas à falta dela. Abrigar a maior elevatória do mundo não garantiu à Zona Oeste uma boa oferta.
— O Lameirão é um sistema de transferência, não tem a ver com abastecimento localizado — explica o presidente da Cedae, Wagner Victer.
Autor: O Globo