O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e a Petrobras inauguraram nesta semana o Bunker I, o banco de provas para ensaios de óleos combustíveis pesados e lubrificantes produzidos no Brasil. Trata-se de uma nova área de testes do Laboratório de Máquinas Térmicas (LMT) da Coppe e da Escola Politécnica da UFRJ, que tem como principal objetivo realizar estudos para melhorar o desempenho desses produtos em motores marítimos e reduzir o potencial de emissões de gases e de material particulado.
“Hoje reafirmamos uma cooperação de longa data – de 33 anos com a Petrobras –, mas que traz uma novidade: a parceria com a Diretoria de Abastecimento. Este laboratório vai trazer vida nova e contribuir de forma decisiva para esta área da Petrobras”, disse o diretor de Tecnologia e Inovação da COPPE/UFRJ, Segen Estefen.
Presente à inauguração, o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que o Bunker I vai viabilizar a realização dos testes de combustíveis pesados e de lubrificantes da Petrobras no Brasil, além de permitir a ampliação da participação da companhia no mercado externo. “A Petrobras atende hoje a todo mercado brasileiro de óleo bunker, são cerca de cinco milhões de toneladas/ano, e já estamos em negociação com empresas estrangeiras para aumentar a participação no mercado externo. Com esse laboratório teremos combustíveis mais adequados, com melhor qualidade e com menos impacto para o meio ambiente”, acrescentou.
O vice-diretor da Coppe, Aquilino Senra, destacou a importância do laboratório como incentivador das pesquisas tecnológicas e alertou para o equívoco da política do Governo Federal em priorizar vagas de professores da graduação em detrimento da pós-graduação. Atualmente, segundo ele, há recursos para laboratórios e infraestrutura, “o que é positivo, no entanto, não tem havido incentivos para ampliar o número de vagas para a pós-graduação no Brasil”.
O laboratório
Com investimentos que somam R$ 12,6 milhões, sendo R$ 6,7 milhões na primeira fase e R$ 5,9 milhões na segunda fase, o laboratório será o primeiro do hemisfério sul para o desenvolvimento de produtos marítimos a contar com o sofisticado motor MAN-Innovator 4C, com potência de 500 kW, no qual serão testados óleos combustíveis produzidos pela Petrobras, tecnicamente conhecidos como bunker, e óleos lubrificantes. Em 2011, na segunda fase do projeto, está prevista a instalação de outro motor, com rotação variável e potência de 750 kW, no qual serão feitas novas pesquisas de combustíveis e lubrificantes.
A partir da implantação desse projeto, o Brasil passará a ter tecnologia de ponta para ensaio de motores marítimos, ampliando a pesquisa em combustíveis e assegurando a certificação de óleos lubrificantes, antes realizada somente no exterior.
Mais qualidade do combustível marítimo, menos impacto ambiental
Segundo o professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, Albino José Kalab Leiroz, coordenador do LMT, o objetivo Bunker I é adequar o óleo lubrificante e combustível aos mais altos padrões internacionais, de forma a garantir a integridade, o melhor desempenho dos motores e os limites para emissões de gases poluentes estabelecidos pela Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (Marpol). “O resultado dos testes trarão benefícios à indústria brasileira de petróleo, aumentando a competitividade do óleo produzido no país”, explica o professor.
A melhoria na qualidade do óleo também contribuirá para a redução de emissão de gases e material particulado, que causam danos à saúde, e o CO2, um dos principais vilões do aquecimento global. Também faz parte das novas instalações do LMT um sistema de monitoramento que permite analisar com precisão as condições de toda a operação do motor, em particular o processo de queima de combustível. Outra novidade é a implantação de um analisador de gases que está entre os mais modernos do mundo. O equipamento poderá determinar o teor de gases poluentes cujos limites já se encontram estabelecidos pelas normas internacionais.
As novas instalações do Laboratório de Máquinas Térmicas reduzirão custos de pesquisa da Petrobras, que até então precisava recorrer ao Instituto de Pesquisa da Noruega para testar seus produtos. “Com os testes sendo realizados na Coppe, a empresa vai obter os resultados e recomendações de forma bem mais rápida. Para se ter uma ideia, o motor MAN do Laboratório de Máquinas Térmicas possui três circuitos independentes para análise de óleo lubrificante que permitem maior agilidade nos testes, reduzindo em 50% o tempo para o resultado final da pesquisa”, garante o professor do Programa de Engenharia Mecânica da Coppe, Carlos Rodrigues Belchior, que também é professor do Departamento de Engenharia Naval da UFRJ.
No período de realização dos ensaios, para aproveitar o potencial do motor MAN-Innovator 4C, que possui um gerador acoplado, os pesquisadores do LMT pretendem ainda gerar energia que contribuirá para abastecer parte da rede elétrica do Centro de Tecnologia da UFRJ.
Redes Temáticas
Este projeto faz parte da Rede Temática de Desenvolvimento Veicular, coordenado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O modelo das Redes Temáticas foi criado pela Petrobras em 2006, em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), voltado para o relacionamento com as universidades e institutos de pesquisas brasileiros. Hoje já existem 50 redes operando em parceria com 80 universidades e instituições de pesquisas de todo o Brasil. Nas redes, as instituições desenvolvem pesquisas em temas estratégicos para o negócio da Petrobras e para a indústria brasileira de energia. Os investimentos possibilitam às instituições conveniadas a implantação de infraestrutura, aquisição de modernos equipamentos, criação de laboratórios de padrão mundial de excelência, capacitação de pesquisadores/recursos humanos e desenvolvimento de projetos de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de interesse.
A cerimônia de inauguração do Bunker I contou com a presença do diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa; da pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da UFRJ, Ângela Uller, do vice-diretor da Coppe, Aquilino Senra; do diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe, Segen Estefen; e do gerente executivo do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Carlos Tadeu Fraga.
Autor: Portos e Navios