Rodoanel deve reduzir 12% do congestionamento em SP

O Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, a ser concluído no dia 27, deve diminuir em até 12% os índices de congestionamento em São Paulo, segundo precisão da prefeitura e do governo estadual. A estimativa também leva em conta a ampliação da Marginal do Tietê. De acordo com os dois órgãos, o Trecho Sul vai valer todo o investimento se retirar de 40 mil a 55 mil caminhões das principais vias da capital paulista, de um total de 210 mil que circulam todos os dias.
O projeto envolveu 17 anos de discussões, 1.020 dias de obra, 1.279 desapropriações, R$ 5 bilhões investidos e 147 mil metros cúbicos de pavimento de concreto colocados em 57 quilômetros, o equivalente a 600 edifícios de 20 andares. O Trecho Sul vai interligar as Rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencourt, cortando sete municípios. Pretende assim aliviar em 37% o tráfego de veículos pesados na Avenida dos Bandeirantes e em 43% na Marginal do Pinheiros.

“Quando se olha o mapa da Região Metropolitana de São Paulo, o que se vê é um grande nó na chegada das rodovias à capital. O Rodoanel é uma forma de desatá-lo, levando para fora da cidade um trânsito que não é dos moradores”, afirmou o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce.

Traduzindo as porcentagens para a realidade do paulistano, que gasta em média duas horas e 43 minutos para ir ao trabalho e voltar, segundo dados do Movimento Nossa São Paulo, isso pode significar valiosos minutos a menos no trânsito. Para percorrer a Marginal do Pinheiros, o motorista vai levar de 45 a 70 minutos, e não mais uma hora e 35 minutos, como atualmente no horário de pico. Em um mês, isso pode virar tempo livre para ver ao menos três jogos de futebol.

Para quem usar o Rodoanel, o benefício também será nítido. O trajeto entre a região do ABC e Osasco, por exemplo, vai durar 35 minutos, uma vez que não será preciso passar pela capital – atualmente, ele é feito em uma hora e 20 minutos. Da Rodovia dos Imigrantes até a Régis Bittencourt, o tempo de viagem será de apenas 25 minutos, ante mais de uma hora e meia atual.

As estimativas mais otimistas do governo apontam que São Paulo vai ganhar R$ 179 milhões anuais em produtividade. “A obra está praticamente pronta”, diz o prefeito Gilberto Kassab (DEM). “Será extraordinário para São Paulo, principalmente por reorganizar o trânsito.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Trecho Sul será via expressa sem postos

Assim como o lado oeste do Rodoanel, o novo Trecho Sul do complexo será uma rodovia expressa sem nenhum tipo de entrada para bairros, trevos, retornos ou postos de gasolina. Os únicos acessos serão para as rodovias ligadas por ele. Para o motorista, isso significa que será preciso planejar a viagem e abastecer o veículo antes de entrar no Rodoanel. Essa limitação pode causar problemas aos desavisados – na Imigrantes, sentido São Paulo, o último posto de abastecimento fica 17 km antes da entrada do Rodoanel. Se o motorista estiver indo para a Bandeirantes e passar o posto, serão 89 km sem poder reabastecer.

No sentido litoral, há um posto no km 17, 8 km antes do complexo. Já na Via Anchieta, há um posto no km 29 (sentido São Paulo) e outro no km 22 (sentido litoral) – o Rodoanel fica na altura do km 27. Por fim, na Régis Bittencourt, sentido São Paulo, o último posto fica no km 282, 4 km antes do Rodoanel. No sentido Curitiba há um posto no km 277.

Percorrendo o Rodoanel

O trajeto foi realizado no sentido da Rodovia Régis Bittencourt para Mauá. É o caminho que, a partir do próximo mês, deve ser feito por caminhões que seguem da Região Sul para o Porto de Santos, por exemplo, ou por turistas do interior que preferem seguir para o litoral sul sem enfrentar o trânsito de São Paulo.

Esse percurso poderá ser feito depois da inauguração em até 35 minutos – isso porque o limite de velocidade na via será de 100 km/h, ritmo que pode ser mantido em quase todo o caminho. O asfalto é predominantemente escuro, com exceção dos trechos perto das represas, em que há uma mudança para um tom mais claro, onde são usadas camadas de 24 centímetros de concreto, para dar mais segurança.

Em relação à paisagem do entorno, há uma alternância entre mata nativa e os pontos em que a vegetação cede para a invasão das águas das Represas Billings e do Guarapiranga. Essas belas imagens ganham contraste na região de São Bernardo do Campo, onde as áreas verdes e a beira das represas dividem espaço com grandes favelas, como a do Areião, próximo da Anchieta.

Dois postos de Serviço de Atendimento ao Usuário e do Comando de Policiamento Rodoviário serão instalados no trecho. Um deles estará no limite dos municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo, ao lado da ponte mais extensa da via, com 1,75 km sobre a Represa Billings. O outro estará mais perto da Régis Bittencourt, no município de Itapecerica da Serra.

Pedágio. A partir de abril, os usuários devem começar a pagar pedágio para trafegar no Trecho Sul do Rodoanel. Haverá seis praças ao longo dos acessos das rodovias, mas o pagamento será feito no momento em que o veículo sair por um acesso da via. A licitação para a concessão do trecho será realizada no próximo mês e o valor máximo a ser cobrado foi definido em R$ 6.

Autor: O Estado de S. Paulo