Prefeitura de SP define 10 pontos críticos para obras

A Prefeitura de São Paulo definiu 10 dos 15 pontos de congestionamento considerados críticos que receberão intervenções até o fim de 2012, de acordo com o plano de metas da administração. No entanto, para especialistas, as medidas são pontuais e vão só transferir a lentidão para outros trechos.

Entre os pontos escolhidos, três têm obras definidas: o cruzamento da Avenida Domingos de Morais com a Rua Sena Madureira, o encontro das Avenidas 9 de Julho e São Gabriel, ambos na zona sul, e o entorno da Praça João Mendes, no centro.

A maioria das propostas da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para melhorar a fluidez do trânsito é de adequações no alinhamento viário (mudanças no traçado das vias), alterações na circulação de ônibus e sinalização. Até agora, só a João Mendes está em obras.

“As propostas não passam de maquiagem. Se você diminui o congestionamento em um cruzamento, os veículos chegam mais rápido em outro. Os gargalos vão sendo empurrados”, diz o consultor de Engenharia Urbana Luiz Célio Bottura.

A CET afirma que as propostas não incluem grandes obras, como viadutos ou passagens subterrâneas, e classifica as intervenções como “soluções de engenharia de tráfego relativamente pequenas”. Na Praça João Mendes, por exemplo, serão feitas adequações no alinhamento das pistas “visando a redução da lentidão”. A CET não detalhou os projetos e não forneceu valores.

No encontro das Avenidas 9 de Julho e São Gabriel será refeito o desenho da via, com a redistribuição do fluxo. “São obras que jogam o trânsito de um lado para outro e não resolvem”, diz Sérgio Ejzenberg, engenheiro consultor de tráfego e mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Quem está diariamente no trânsito não acredita na melhora. “Só se derrubar a cidade inteira para aumentar as ruas e avenidas. Mudanças pequenas não resolvem, só enganam o motorista”, diz o taxista Lino Francisco Xavier, de 59 anos.

Segundo a CET, a definição dos pontos que precisam de intervenção levou em consideração condições de segurança, acessibilidade, sinalização, capacidade do sistema viário e demanda de pedestres e veículos.

A CET afirma que, dos sete pontos sem definição de obras, seis estão em fase de observação em campo (Avenida Morumbi com Rua Oscar Americano; esquina das Avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo; Radial Leste com Rua Silva Jardim; Radial Leste com Viaduto Vila Matilde; Praça Ministro Pedro Chaves; e encontro das Ruas Pirajuçara, Reação e Alvarenga). Por isso, não foi definido um prazo específico para cada obra.

O estudo de intervenção na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte, está suspenso temporariamente. A CET está aguardando avaliação do tráfego no local após conclusão das obras na Marginal do Tietê. A definição de outros cinco pontos ainda não foi concluída.

TRANSPORTE COLETIVO

Para especialistas em trânsito, o sistema viário da capital está saturado e qualquer medida será paliativa se for pensada isoladamente. “Para melhorar o trânsito nestes locais são necessárias obras de médio e grande porte e a priorização do transporte coletivo. Pequenas intervenções não vão resolver”, afirma Francisco Moreno Neto, engenheiro de trânsito e ex-funcionário da CET. Para ele, com as obras propostas pela Prefeitura, a melhoria no trânsito tem vida curta. “Vai durar alguns meses, porque a situação das vias é complicada. Tem de tirar os carros da rua”, afirma.

ÁREAS DE INTERVENÇÃO

Avenida 9 de Julho com São Gabriel

Praça João Mendes Domingos de Morais com Sena Madureira

Avenida Oscar Americano com Morumbi Av. Rebouças com Doutor Arnaldo

Radial Leste com Rua Silva Jardim Radial Leste com Viaduto Vila Matilde Praça Campo de Bagatelle

Praça Ministro Pedro Chaves Rua Pirajuçara com Rua Reação e Rua Alvarenga

Autor: Folha de S.Paulo