Negócio de US$ 5 bi pode dar à BP acesso a campos brasileiros

A gigante petrolífera britânica BP PLC é a principal candidata a comprar um conjunto significativo de ativos da americana Devon Energy Corp., numa transação de mais de US$ 5 bilhões que levaria a BP às cobiçadas novas regiões produtoras na costa brasileira, disseram pessoas a par da questão.

O acordo também reforçaria a posição dominante da BP no Golfo do México e lhe daria uma participação nas operações da Devon no Canadá. O acordo deve ser anunciado nos próximos dias, disseram as pessoas a par da questão.

A Devon, de médio porte, não tem recursos financeiros para desenvolver todos os seus diversos ativos e decidiu se concentrar nos projetos em terra firme na América do Norte.

O negócio também pode fracassar na fase final, já que a Devon, sediada em Oklahoma City, e seus consultores estudam algumas opções para a venda dos ativos, disseram as pessoas. Outros interessados, como a China National Offshore Oil Corp., conhecida como Cnooc, e grandes petrolíferas dos países ricos como a Chevron Corp. também disputam a aquisição, mas é menos provável que consigam superar a BP, disse uma das pessoas.

A BP e a Devon não quiseram comentar.

A BP já é a maior produtora do Golfo do México e tem cerca de 500.000 barris de capacidade de produção. No ano passado ela descobriu um campo gigantesco lá, o Tiber, depois de perfurar o poço mais fundo do mundo, com cerca de 10.600 metros.

Mas a petrolífera britânica até agora não tem ativos na costa brasileira, onde surgiram algumas das maiores jazidas novas das últimas décadas, como o gigantesco Campo de Tupi, calculado em 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo recuperável e considerado a maior descoberta petrolífera no continente americano desde 1976.

O petróleo da pré-sal brasileira fica embaixo de milhares de metros de areia, rochas e uma camada de sal em movimentação. As grandes petrolíferas têm tido dificuldades para acessar essa área e até os locais mais promissores estão sendo desenvolvidos pela Petróleo Brasileiro SA e petrolíferas menores dos países ricos, como a britânica BG Group PLC e a Repsol-YPF SA, da Espanha.

O diretor-presidente da BP, Tony Hayward, deu a entender várias vezes que a empresa gostaria de entrar no Brasil, onde pode aproveitar sua experiência como um dos principais operadores de poços em águas profundas no mundo.

A Devon informou em novembro que planejava vender seus ativos marítimos e internacionais para se concentrar nas operações norte-americanas em terra. A empresa informou que esperava obter US$ 7,5 bilhões com as vendas, descontados os impostos. O comunicado ocorreu num momento em que a baixa cotação do petróleo dificultava que empresas menores como a Devon financiassem projetos tecnicamente complexos de exploração marítima — um problema que gigantes como Exxon Mobil Corp. e BP não enfrentaram.

Esses ativos “exigem muito capital, que a Devon resolveu que prefere empregar em outros locais”, disse uma pessoa familiarizada com a questão.

A A.P. Moller-Maersk, uma firma dinamarquesa de transportes e petróleo, comprou em dezembro a participação da Devon no Campo Jack, no Golfo do México, por US$ 300 milhões. A Maersk pretendia comprar também a participação da Devon em dois outros poços em águas profundas — Saint Malo e Cascade. Mas o acordo foi por água abaixo quando os sócios da Devon exerceram seus direitos preventivos de comprar as fatias. O Cascade é operado pela Petrobras e o Jack e o Saint Malo são da Chevron.

A Devon vai vender à BP suas participações no Golfo do México e na costa brasileira, e uma fatia dos negócios canadenses, segundo uma pessoa a par da situação. A Devon produz petróleo convencional e pesado no Canadá, mas também tem jazidas de gás de xisto na Bacia do Rio Horn, no nordeste da província de Colúmbia Britânica.

Não está claro se um acordo com a BP incluiria outros ativos internacionais da Devon, como seus campos marítimos e blocos de exploração na China e sua participação de 5,6% num enorme campo no setor do Azerbaijão do Mar Cáspio, o Azeri-Chirag-Gunashli. A BP tem 34,1% do consórcio que opera o campo, e analistas consideram improvável que o governo do Azerbaijão permitisse à BP ampliar sua fatia.

Autor: The Wall Street Journal