A carência de mão de obra especializada nas construções civil e pesada, por conta do reaquecimento da economia e das obras de infraestrutura, começa a impulsionar os salários dos trabalhadores do setor. A categoria de engenheiros foi a mais beneficiada até agora, segundo Manuel Rossitto, diretor do Sinicesp (sindicato da construção pesada de SP).
“Dos últimos cinco anos para cá houve alta de cerca de 50% acima da inflação nos salários de engenheiros. Antes, a engenharia não estava na moda.” Rossitto afirma que, no caso dos engenheiros, a solução para as empresas reterem os bons profissionais tem sido oferecer salários maiores, ao contrário dos operários, cuja falta pode ser suprida com treinamentos. “Algumas ações pontuais de aumento na remuneração de operários têm ocorrido. Mas, nesse caso, em que a formação é menos lenta que a dos engenheiros, é possível investir em cursos de capacitação para aumentar a base”, diz Rossitto.
Murilo Pinheiro, presidente do Seesp (sindicato de engenheiros), afirma que as homologações de demissões registradas no sindicato recentemente correspondem, em grande parte, a troca de emprego, para oportunidades melhores. Haruo Ichikawa, vice-presidente do SindusCon-SP (da construção civil), afirma que as negociações na convenção coletiva sobre a elevação dos salários de operários devem ser mais agitadas neste ano, já que os trabalhadores têm agora maior poder de barganha. O piso de um trabalhador qualificado, como carpinteiro e pedreiro, está em R$ 917,40.
Autor: Folha de S.Paulo