Técnicas simples tornam a construção mais preparada para tremores.
Em edifícios muito grandes, controle só é garantido com alta tecnologia
O terremoto que atingiu o sul do Chile no último sábado (27) está entre os dez maiores já registrados, mas a destruição causada pelo tremor não chegou perto da catástrofe ocorrida pouco antes no Haiti. Segundo sismólogos e engenheiros, não foi por acaso. As construções do Chile – um país acostumado com terremotos frequentes – são mais preparadas para os abalos sísmicos, resultando em menos desabamentos e mortes.
As técnicas usadas para erguer prédios resistentes a terremotos não são tão complexas quanto se pode pensar. Paredes bem elaboradas, no lugar certo, podem fazer a diferença entre algumas rachaduras e o colapso completo da estrutura. O problema é que essas mudanças aumentam os custos da construção – um desafio complicado em países extremamente pobres como o Haiti.
Paredes super-resistentes
No Chile, a técnica mais comum para reforçar a estrutura dos prédios é usar paredes super-resistentes, chamadas de “shear walls”, explica o engenheiro Fernando Stucchi, professor da Escola Politécnica da USP. “Os prédios baixos feitos à moda chilena são muito rígidos, eles são armados para isso [suportar tremores]”.
técnica funciona bem para construções de poucos andares, mas em prédios muito altos, segundo Stucci, a tecnologia mais indicada é o uso de amortecedores embaixo da construção e a montagem de uma estrutura flexível, já que as “shear walls” são muito pesadas. “Entre o prédio e a fundação são colocados aparelhos de apoio feitos de borracha ou com amortecedores”, explica o engenheiro.
Em empreendimentos mais ousados, como o prédio taiwanês Taipei 101, que tem 508 metros de altura, os mecanismos antissísmicos são mais futuristas. Nessa construção, a segunda mais alta do mundo, um pêndulo de 660 toneladas instalado entre o 87º e o 92º andar é controlado eletronicamente para compensar as oscilações causadas pelo vento ou por tremores.
No Brasil
Segundo Stucchi, os prédios brasileiros têm proteção para suportar ventos fortes e pequenos tremores, mas não grandes terremotos, pois a chance deles ocorrerem aqui é muito pequena. Para ele, precisamos nos preocupar com problemas mais freqüentes: “Aqui, temos uma coisa muito perigosa que são as enchentes e deslizamentos ”, alerta.
Autor: G1