Radares com leitor de padrão entram em operação, os dedos-duros. Concentram-se na Grande São Paulo. Aferem velocidade veicular e reconhecem caracteres alfa-numéricos da placa, nível tecnológico dos detectores de infração ao rodízio paulistano. A novidade? Dedos-duros se interligam a bancos de dados, verificam pagamento de IPVA. Mas são radares que evitam graves acidentes, em que o excesso de velocidade e ingestão de álcool são os principais atores. Evitam dilapidar a economia. Destruir veículos e mobiliário viário. Destruir pessoas.
A tecnologia tem provido constante evolução aos radares: fixos, móveis ou deslocáveis; com laços embutidos no pavimento ou com câmeras inteligentes. Mas, para minimizar acidentes graves, outras ferramentas são necessárias: o atual Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e campanhas educacionais. A publicação do CTB em 1997 ameniza a tragédia brasileira. Salva mais de 10 mil vidas por ano. A novela volta a ser mais trágica que o nosso trânsito. Este grupo de ações só não foi mais eficiente porque o CTB foi publicado com deficiências. O veto ao artigo 56 evita salvar milhares de vidas de motociclistas que correm entre filas de automóveis. A flexibilização da suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para excesso de velocidade superior a 20%, de 2006, ajudou a reverter tendência de redução de mortos.
A principal deficiência? Educação. O motorista brasileiro não crê na sinalização. É recorrente a indisciplina. Mantenha a velocidade limite e observe a elevada quantidade de veículos que o ultrapassam. Freie no amarelo e veja a reprovação às suas costas. Estatísticas comprovam. Concessionária paulista conta redução de 80% em mortes, mas não mais de 25% de acidentes, após equipar a rodovia. O motorista reduz a velocidade onde há radar, mas cruza faixa dupla contínua, anda colado no veículo da frente. Há generalizada opinião de que o radar serve para arrecadar. Escondido, amplia esta sensação. Comercializa-se até sistema antirradar em modelos de navegadores.
Uma ótima campanha educacional tem sido efetivada em alguns Estados: sinaliza-se a presença de radar à frente, denominando-o salva-vidas. Pronto, o caminho da compreensão deste equipamento está traçado. Ótima campanha educacional.
O de infeliz apelido, dedo-duro, distingue veículos irregulares na massa contínua de lata que se transformou o trânsito mundial. Parece não dar vantagem ao motorista contribuinte, apenas recursos para o Estado. Contudo, o poisé, o velho mal mantido, não estaria mais às 18h30 na avenida dos Bandeirantes, de São Paulo. Quebra e para a cidade. Seu dono sabe que, em caso de blitz, adeus! Porque gastar com manutenção? Deixa quebrar.
Seriam retirados de circulação mais de um milhão de veículos somente da Grande São Paulo. O trânsito fluiria. Fluiria. O que falta? Pátio para toda esta massa veicular. O que precisa? Lei que permita rápida expropriação veicular, resguardado o direito ao proprietário. Findo o processo, casco veicular para reciclagem. Perda de economia popular? Seu proprietário perde o veículo se provado que deve mais que o valor do casco. Outra solução? Transformar o casco em bônus para pagar parte do carro novo. O financiamento mais barato seria compensado com a redução de custos de congestionamento. Montadoras também devem participar, têm interesse em renovação de frota. E teríamos uma frota poluindo menos.
*Creso de Franco Peixoto é engenheiro civil, mestre em Transportes
e professor do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI ( Fundação Educacional Inaciana)
Autor: Creso de Franco Peixoto