Governo de SP lança o salariômetro, que calcula salário de trabalhador

Sistema mostra ao desempregado o salário do cargo que ele procura.
Professor branco em SP ganha quase dobro que professora negra.

A Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert) de São Paulo lançou nesta quarta-feira (24) o “salariômetro“, ferramenta online que calcula a remuneração média das ocupações em todos os estados brasileiros.

O trabalhador consegue saber o salário médio de pessoas que foram contratadas nos últimos seis meses no mercado formal com o perfil escolhido. Além disso, empresas também podem pesquisar a remuneração paga por outros empregadores. É possível saber, ainda, o número de contratações feitas no último semestre para o perfil.

Os dados são fornecido para todos os estados, mas no estado de São Paulo também é calculado o salário médio por município. Ao acessar o link, o candidato deve informar a ocupação, estado, faixa etária, cor, gênero, escolaridade e setor 

Os cálculos são feitos a partir dos dados do Cadasto Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Os bancos de dados são mantidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a partir de informações administrativas de todo o país.

De acordo com o governador José Serra, que esteve no lançamento da ferramenta nesta tarde, o Salariômetro pode estimular lutas e reivindicações dos trabalhadores por melhores salários, uma vez que é possível comparar diferenças salariais entre gêneros, cor e localidade de trabalho pelo sistema. “É um estímulo para os sindicatos, trabalhadores e empresas”, disse.

Desigualdades

Um exemplo na diferença entre as remunerações para o mesmo cargo foi constatada pelo G1 ao pesquisar o salário de uma professora branca e de uma professora negra, ambas com faixa etária entre 30 e 39 anos e ensino superior, na cidade de São Paulo.

O salário da mulher branca, segundo o sistema, é de R$ 872, quando o da negra é de R$ 549. Um professor branco com o mesmo perfil recebe R$ 940, quase R$ 400 a mais do que a professora negra. Não foi possível calcular o salário de um professor negro, pois o sistema aponta que não houve contratação do perfil nos últimos seis meses.

Popularização

O secretário estadual do Trabalho de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, disse que assim como o Termômetro Nacional do Emprego, que foi lançado no ano passado, o salariômetro foi desenvolvido em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP).

“Na verdade, esses dados já existem há muito tempo, mas eram usados apenas de forma fechada, somente para dados estatísticos. Nosso objetivo é popularizar essas informações, mas sem deixar de lado a base ciêntífica”, disse o secretário nesta quarta, no lançamento da ferramenta. “Dessa forma o trabalhador que está em casa pode acessar os dados.”

Assim como o governador, o secretário também acredita que a ferramenta pode ajudar na luta por melhores salários por parte dos trabalhadores. “Estamos fazendo nossa parte, que é mostrar essas disparidades.”

Afif afirmou, porém, que a ferramenta não influencia na criação de novos empregos. “O que eleva o nível de emprego é investimento, tanto público quanto privado”, disse.

De acordo com Afif, o investimento para a construção da ferramenta foi de R$ 200 mil. A base de dados da ferramenta será atualizada todo o mês.

Termômetro Nacional do Emprego

Além de dizer a probabilidade de um desempregado conseguir uma colocação, o Termômetro Nacional do Emprego informa o salário que o trabalhador poderá ganhar de acordo com o perfil da busca. O sistema aponta os dados para as regiões metropolitanas de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.

O intuito da ferramenta é, segundo Afif, estimular o desempregado a se empenhar na procura pelo emprego. “O que ajuda o trabalhador a conseguir um emprego é o Emprega São Paulo [sistema on-line de intermediação de mão-de-obra]”, disse.

Segundo Afif, o Termômetro Nacional do Emprego traduz ao desempregado as possibilidades de ele conseguir um emprego e, se ele descobrir por meio da ferramenta que tem poucas chances de arrumar emprego, o trabalhador deve tomar o dado como estímulo e aumentar sua procura por uma colocação. De acordo com ele, quanto mais tempo o desempregado busca uma vaga no mercado, mais chances ele tem de conseguir uma colocação.

O sistema é genérico e não traz ao desempregado informações específicas sobre a área de atuação, por exemplo. Não é possível saber as probabilidades de contratação de acordo com a profissão do desempregado, somente segundo o grau de escolaridade. Além disso, o sistema não traz informações de todos os estados brasileiros.

Autor: G1