Conhecem a “Alegoria da Caverna”, de Platão? Nela, o filósofo grego mostra como uma visão limitada do universo engana e esconde a verdade sobre o mesmo (saiba mais aqui). Da mesma forma, por mais maravilhosas que sejam as imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble, elas mostram apenas o que é possível captar em luz visível, uma parcela ínfima do amplo espectro das ondas eletromagnéticas, que vão dos raios gama numa ponta às ondas de rádio na outra.
Sabendo disso, astrônomos e cientistas buscam ampliar sua visão do universo para além da luz visível e, com a ajuda de vários outros observatórios espaciais e alguns até em terra, exploram os céus em busca de fontes de raios X, raios gama, em ultravioleta, infravermelho e rádio.
Na semana passada, a NASA liberou as primeiras imagens da missão Wise (Wide-field Infrared Survey Explorer), que vai estudar o Sistema Solar, a Via Láctea e o universo em faixas do infravermelho nunca antes observadas. Graças à sensibilidade de seus instrumentos, o Wise pode detectar objetos cuja luz visível é muito fraca para ser observada por telescópios óticos, ou que estejam escondidos por trás de nuvens de gás escuras, como as que impedem uma visão direta do centro de nossa galáxia. Isso permitirá, por exemplo, a descoberta de asteróides e cometas cujas órbitas passem perto da Terra e venham a ameaçar a vida do planeta com um possível colisão.
Lançado em dezembro do ano passado, o Wise é apenas um dos vários observatórios mantidos no espaço pela agência americana e instituições como a ESA (a agência espacial européia), Jaxa (a do Japão) e de outros países, inclusive o Brasil. Entre algumas missões que já forneceram importantes dados para cientistas, astrônomos e cosmólogos destacam-se ainda o Chandra, um observatório dedicado a imagens de raios x do universo, e o Swift, que recentemente detectou poderosas explosões de raios gama nos confins do universo, que abordaremos em posts futuros.
Autor: O Globo – Só Ciência