As portas da casa podem ser deslocadas por toda a fachada, para serem posicionadas de acordo com a incidência do sol. Persianas especiais são instaladas nas janelas para permitir a entrada de luz sem deixar que o calor passe para os ambientes. Tudo é flexível para aproveitar ao máximo a energia solar. Foi partindo desse conceito que estudantes brasileiros de seis universidades criaram, juntos, a Casa Solar Flex. O projeto participará da competição internacional Solar Decathlon Europe (SDE), que acontecerá em junho deste ano, em Madri, na Espanha. A casa foi toda planejada para ser energeticamente sustentável e, depois de transportada até a capital espanhola em contêineres, será construída em apenas sete dias.
– A gente mandou uma proposta no início de 2008. A ideia era, além de investir em tecnologias sustentáveis, mudar os hábitos dos moradores. A partir daí, começamos a desenvolver o projeto. A casa foi construída para um casal, mas pode servir de residência temporária e até de hotel – diz José Ripper Kos, coordenador da parte de arquitetura do projeto.
Com 70 metros quadrados de área construída, a casa, feita de material pré-fabricado, tem sala de estar, dormitório, cozinha e área externa. No centro da residência, há uma tela para mostrar ao morador todo o funcionamento dos ambientes. Através de um sistema de automação, painéis fotovoltaicos da fachada são acionados de acordo com o posicionamento do sol para aproveitar ao máximo a energia solar. Além disso, informações sobre a meteorologia ficam disponíveis para que o morador possa controlar a entrada de luz nos ambientes.
Soluções como captação de água da chuva, espaço para armazenamento de resíduos e fundações superficiais tornam a casa autônoma e reduzem a praticamente zero seu impacto no meio-ambiente. O que possibilita que ela seja instalada nos locais mais remotos, desprovidos de infraestrutura. E é por isso que, de acordo com José Ripper, o grupo de estudantes responsável pelo desenvolvimento do projeto pretende, através de subvenção do governo, atender regiões no Brasil que não tenham energia elétrica.
– Esta casa foi planejada para se adaptar ao clima espanhol, o que pode encarecer o custo de sua construção. Mas, com algumas adaptações e auxílio de programas do governo, podemos reduzir os gastos da casa, torná-la economicamente viável às populações de lugares onde a energia elétrica é parca ou inexistente – adianta o arquiteto.
O grupo, chamado de Consórcio Brasil, é composto por alunos das universidades federais do Rio (UFRJ), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFCS) e Rio Grande do Sul (UFRGS), além das estaduais de Campinas (Unicamp) e São Paulo (USP). Para montar o projeto ideal, o consórcio fez um concurso interno, em que estudantes das seis universidades entregaram seus próprios projetos. O júri foi composto por professores de todas as universidades e da Politécnica de Madri.
Esta é a primeira vez que o Brasil participa do evento. Durante a competição, estudantes de Madri ocuparão as casas participantes do evento para desempenhar atividades diárias da casa. A partir daí, será escolhido o vencedor.
Autor: O Globo