Engenheiros mecânicos fazem testes balísticos reais para colocar à prova materiais usados na proteção de pessoas, veículos e edifícios
A Universidade de Aveiro vai passar a fazer testes balísticos reais para colocar à prova materiais usados na protecção de pessoas, veículos e edifícios, revelou hoje fonte do Departamento de Engenharia Mecânica.
O equipamento para efectuar testes balísticos já está a ser instalado e insere-se num programa da Divisão de Sistemas de Protecção (GRIDS-DAPS – Division of Armour & Protection Systems) do Centro de Tecnologia Mecânica e Automação da Universidade de Aveiro (TEMA).
Esta instituição tem como objectivo a concepção de sistemas de protecção de pessoas, veículos e edifícios, para uso militar ou civil, mais eficazes e a custos mais acessíveis do que os que estão actualmente disponíveis no mercado.
“Com este equipamento podemos construir uma amostra do alvo e colocá-lo à prova, disparando um projéctil real a uma velocidade real, testando experimentalmente a resistência dos materiais que pretendemos desenvolver”, explica o professor Filipe Teixeira-Dias, coordenador da equipa de 20 pessoas.
Crime e insegurança
“Com a constante ameaça de actos terroristas e o crime a aumentar nas ruas, o sentimento de insegurança tem vindo a crescer. Tendo em vista a concepção de sistemas de protecção mais eficazes e a custos mais acessíveis, investigadores do Departamento de Engenharia Mecânica da UA estão a testar materiais celulares que, por serem resistentes, mais leves e baratos e terem uma boa capacidade de absorção de energia, se podem apresentar como uma alternativa auspiciosa aos actuais sistemas de protecção de pessoas, veículos e edifícios”, explica uma nota do Serviço de Relações Externas da Universidade.
Segundo a mesma fonte, a Divisão de Sistemas de Protecção está a desenvolver, em simultâneo, vários projectos que têm um objectivo comum: testar e desenvolver materiais novos em sistemas de protecção contra impactos balísticos e ondas de choque geradas por explosões.
Novos materiais
Aos novos materiais é exigido que sejam resistentes, mais leves e que possam ser usados em sistemas com espessura reduzida, para que se adaptem facilmente às especificidades exigidas pelas suas várias aplicações, explica Filipe Teixeira-Dias.
“Estamos a trabalhar com materiais celulares e porosos, alguns naturais e outros de base metálica, que possam vir a ser implementados em sistemas de protecção pessoal, nomeadamente capacetes e coletes, protecção para veículos – armaduras e blindagens como uma maior capacidade de protecção – e em edifícios ou outras infra-estruturas. A escolha dos materiais em análise baseia-se essencialmente na adequação das suas propriedades ao fim pretendido, em cada uma das três vertentes”, afirma o investigador.
O trabalho da equipa de investigadores passa, numa primeira fase, por criar modelos que permitam simular numericamente o comportamento dos materiais, cuja validação será concluída depois com a confrontação de dados experimentais.
Estes resultados experimentais poderão vir a ser obtidos no laboratório do DAPS ou através de algumas das parcerias que o grupo mantém com entidades europeias.
Ainda na área da protecção pessoal, e para ir ao encontro a uma das principais preocupações do mercado, o DAPS vai arrancar, muito em breve, com um novo estudo em torno dos capacetes militares.
Autor: Ciência Hoje – Portugal