Não só o economista Nouriel Roubini, que previu a crise financeira global, acha que o Brasil precisa qualificar sua mão de obra. Governo, academia e setor privado lançarão uma força-tarefa, que tem como objetivo reduzir o déficit de engenheiros, elevando de 30 mil para 100 mil ao ano o número de profissionais formados. Reportagem de Geralda Doca e Eliane Oliveira, publicada na edição deste domingo do Boa Chance, revela que o Ministério da Educação estuda “comprar” vagas em universidades privadas, via Fies (Financiamento Estudantil), para que elas formem engenheiros que, depois, remunerariam o Estado com seus salários.
Complementando a iniciativa, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) daria bolsas para esses alunos para que eles desenvolvessem projetos de pesquisa. O plano será lançado em 60 dias.
Assim, a deficiência – crônica – entra na agenda de prioridades do governo. O desconforto já faz parte da realidade de um número imensurável de empresas brasileiras, que, embora prontas para expandir suas atividades, não encontram engenheiros qualificados para tocar obras de porte, como as previstas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida e a Copa do Mundo.
– O ministro da Educação (Fernando Haddad) está bastante sensibilizado – diz o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao MEC, Jorge Guimarães, para quem é preciso que o governo federal entre nessa causa. – Os cursos de engenharia são caros e exigem, entre outras coisas, laboratórios de pesquisa.
A prioridade para as engenharias tem explicação na peculiaridade desse tipo de disciplina, que permeia praticamente toda a infraestrutura: construção civil, energia, petróleo, gás, química, entre outros.
Autor: O Globo