Programa contra enchentes urbanas
Enchentes e deslizamentos, que acontecem principalmente em épocas de chuvas, podem ser minimizados se os administradores públicos tiverem em mãos ferramentas que os auxiliem a prever cenários futuros e a tomarem decisões mais precisas.
Uma metodologia assim agora está disponível, graças ao trabalho do engenheiro Sidnei Ono, da Escola Politécnica da USP.
O Sistema de Suporte a Decisão para Gestão de Água Urbana – URBSSD é um software que permite elaborar estratégias preventivas em bacias urbanas, incorporando uma metodologia que permite ações preventivas em regiões de risco.
“A metodologia pode ser um importante suporte à tomada de decisões em tudo que se refere à água urbana superficial”, define Ono.
Monitoramento hidrográfico
O estudo foi feito na bacia hidrográfica do Rio Cabuçu, na Zona Norte de São Paulo. O rio Cabuçu é afluente do Tietê pela sua margem direita, tendo suas nascentes junto à Serra da Cantareira. A área de drenagem é da ordem de 42 quilômetros quadrados.
A bacia hidrográfica do Rio Cabuçu de Baixo é um exemplo típico do que tem ocorrido em muitas cidades brasileiras. É uma bacia em acelerado processo de urbanização, mas que ainda dispõe de condições de controle, se adequadamente administrada pelos seus gestores.
E foi lá que, a partir de 2002, Ono iniciou seus estudos para a elaboração do URBSSD. “Trata-se de uma metodologia que pode ser aplicada em outras regiões. Para tanto, basta que o software seja devidamente ajustado com os dados do local a ser monitorado”, esclarece o engenheiro.
Projeto multidisciplinar
Para iniciar o desenvolvimento do projeto, o engenheiro e uma equipe multidisciplinar, envolvendo hidrometristas, geólogos e arquitetos, realizaram uma espécie de “retrato” do local, mapeando uma série de características da região, como as áreas ocupadas, topografia, medições de eventos de chuva, medições do rio, etc.
Os dados foram então inseridos no software que permitiu gerar simulações de inundação. Os resultados das simulações hidrológicas e hidrodinâmicas podem ser visualizados e exportados para serem usados em outros softwares SIG.
“A medida pode proporcionar ao decisor uma solução rápida para variadas tormentas em bacias urbanas. Além de se constituir num instrumento de gestão, o projeto tem o potencial de minimizar os efeitos deletérios induzidos pelo crescimento humano”, destaca Ono.
Ele enfatiza que o projeto é uma metodologia, uma ferramenta eficiente para o controle de cheias urbanas.
Cenários de enchentes
Outra vantagem do URBSSD é o desenvolvimento de um sistema que integra modelos, podendo gerar cenários para a avaliação e suporte a decisões. “Normalmente os profissionais utilizam um software de cada vez, com o uso de um modelo hidrológico que estuda vazões, um outro modelo para o cálculo de ondas de cheias, outro software para o processamento de imagens e assim por diante”, descreve Ono.
Como recomendação para os modelos de cheias urbanas, o URBSSD deve ser adaptado para as diferentes bacias urbanas, mesmo sendo atualmente um software customizado. O projeto também tem o potencial de ser utilizado como uma ferramenta de análise de qualidade da água e de sedimentos para outras bacias urbanas, mas principalmente uma ferramenta importante na previsão de inundações se for aliado a um sistema de previsão de chuvas.
Autor: Agência USP