A construção do primeiro aeroporto espacial, no deserto do Novo México, está em marcha. O projecto, seleccionado em concurso internacional, é da autoria de uma equipa multidisciplinar, liderada por Norman Foster, que tem larga experiência em aeroportos, mas para aviões.
A iniciativa de abrir o espaço aos turistas pertence ao multimilionário Richard Branson, que, através da sua empresa Virgin Galactic Suborbital Spaceliner, o pretende colocar a iniciativa privada a explorar um mercado até agora pertença exclusiva da Rússia. O futuro aeroporto espacial destina-se a comercializar o produto “Destino: Experiência”, que possibilita viagens individuais acessíveis a qualquer pessoa que disponha para isso de 150 mil euros e boa saúde. Consiste num passeio de duas horas à volta da Terra e terá o seu clímax nos seis minutos de gravidade nula. A lista de espera, que já inclui portugueses, ascende agora às três centenas de pessoas.
A nova minibase espacial, um pequeno passo para o que se adivinha, contará, numa primeira fase, com um terminal e um hangar, que vão ocupar, em conjunto, 9290 metros quadrados. O hangar acolherá sete naves espaciais, bem como os serviços da “Virgin Galactic”, que incluem o apoio pré e pós-voo, zonas administrativas, sala de espera e serviço de cafetaria.
A proposta de Norman Foster “apresenta um conceito que alia sensibilidade ambiental com tecnologia de ponta e uma imagem fantástica quando visto de cima…”, refere a presidência do New Mexico Spaceport Authority.
Curiosamente, o edifício combina técnicas e materiais ancestrais de construção com novas tecnologias, como soluções de terra compactada tipo adobe e taipa com painéis fotovoltaicos para a geração de electricidade. A forma é orgânica, assemelhando-se a uma grande concha espalmada que emerge do solo, feita de betão armado e com grandes janelas, no topo, que se abrem e fecham.
Lateralmente, grandes superfícies envidraçadas permitem a entrada de luz, mas também assistir ao espectáculo cénico de ver as naves a levantar voo e aterrar.
Esta, e toda a obra de Norman Foster, tem preocupações de utilização racional de energia e de sustentabilidade, presentes na opção de utilização de sistemas passivos de aquecimento e arrefecimento, como os que recorrem ao solo como estabilizador de extremos de temperatura (solução ancestral e presente em todas as construções em climas quentes e secos no mundo), ou sistemas de recolha de águas pluviais para reciclagem.
Outra questão fundamental na proposta do arquitecto britânico é a qualidade das circulações e acessos. O público e os “astronautas” nunca se cruzam, excepto no acesso ao edifício, após a aterragem, feito através de um grande corredor escavado no solo.
Conforme sintetiza Norman Foster, “a estrutura não possibilitará apenas uma experiência dramática para astronautas e visitantes, mas irá servir de modelo ecológico para futuras unidades aeroespaciais”.
Quiçá num futuro próximo, seja a vez de o turismo espacial chegar à Lua, uma vez que Norman Foster foi recentemente incumbido de estudar a solução arquitectónica para uma base aérea no nosso satélite natural
Autor: ND Ciência – Portugal