A computação quântica – baseada no mundo das subpartículas e tida como a próxima onda da tecnologia – apresentava, até agora, uma limitação física: as condições em que deveria operar, complexas, só permitiam versões muito específicas de computadores quânticos, dedicadas a tarefas especiais (criptografia, por exemplo).
Tudo isso tende a mudar. Pesquisadores do NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, conseguiram construir o primeiro computador quântico programável, capaz de executar 160 processos, como um computador tradicional.
Os cientistas chegaram ao computador usando lasers, íons (átomos eletricamente carregados) e eletrodos. Primeiro, os íons foram intensamente resfriados, até chegar quase à temperatura do zero absoluto. Em seguida, foram colocados, através de um campo magnético, num chip de alumínio revestido de ouro, formando os bits quânticos (qbits), equivalentes microcósmicos aos bits do computador comum. Só que eles têm três estados, em vez de dois. Com os lasers, esses bits quânticos no chip foram manipulados de forma a cumprirem instruções programadas. Facilitou a operação a propriedade que os qbits têm de se “emaranhar” – ou seja, o que acontece com um pode afetar os outros -, que permitiu a construção de 160 programas diferentes.
O novo computador quântico ainda não é 100% preciso. Realizou suas tarefas com cerca de 80% de eficácia (foram feitos 900 testes com ele), mas precisa chegar a 99,99% para se comportar como seus irmãos mais velhos. Mas os pesquisadores dizem que, com lasers mais potentes e outros ajustes, eles chegarão lá.
A novidade pode representar um grande avanço na computação, porque as novas máquinas terão no futuro um poder de processamento muito maior do que o existente hoje. Determinadas funções difíceis para as máquinas atuais, como a fatoração de números primos, serão moleza para o computador quântico, que também tenderá a ser muito mais seguro que os atuais. (Bom.. vejamos primeiro que tipo de sistema operacional vão inventar para ele.)
Autor: O Globo