A capital paulista debateu ontem, em evento, propostas de um novo radar meteorológico que permite prever enchentes a curtíssimo prazo – 30 minutos de antecedência. Dentro de três semanas o Instituto de Engenharia (IE) vai encaminhar ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, e ao prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, um relatório com propostas que têm por finalidade a minimização dos estragos causados por enchentes na cidade.
Entre as principais recomendações do IE, estão: a criação de um sistema que permita a construção de 91 piscinões para restituir a capacidade de vazão na calha do Rio Tietê; a adoção de medidas que evitem a construção de piscinões, medida que deve ser utilizada em último caso; a criação de mecanismos institucionais de ação entre os municípios da mesma sub-bacia; a intensificação de ações de coleta de lixo e de controle de erosão pelas prefeituras; e o aumento dos esforços da Sabesp para a retirada de esgoto do sistema de drenagem.
“Queremos que instâncias se incumbam de fazer: ele é orientativo, mas o interesse nosso é fazer com que as autoridades públicas deem mais transparência aos seus estudos, divulguem mais, discutam mais, porque da discussão muitas vezes surgem hipóteses diferentes que otimizam a aplicação de recursos, e isso é o no fundo o que a gente quer”, diz Marcelo Rozenberg, vice-presidente de atividades técnicas do Instituto.
Radar
Um novo sistema de prevenção a curto prazo de enchentes passará a ser utilizado até o fim do ano na
região metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista. O professor do Instituto de Astronomia da USP
Augusto José Pereira Filho afirma que a ferramenta, que já foi utilizada em 2007 e passou por um
processo de revisão mecânica, permite a detecção de condições de chuva e ventos fortes 30 minutos ou
uma hora antes de sua ocorrência.
“A ferramenta é utilizada no mundo todo nos países em desenvolvimento. É um sistema de previsão a
curtíssimo prazo, imbatível. O nível de acerto das previsões é muito alto”, conta o professor, que
acrescenta que o sistema auxiliará a população na medida em que as autoridades públicas fizerem um
trabalho efetivo de divulgação dos locais a serem afetados.
“O radar permite que os centros de gestão de emergência da Defesa Civil tanto do estado quanto do
município possam ter informações em tempo reduzido e avisar a sociedade de que vai ser afetada. Para
isso é preciso desenvolver mecanismos de capilaridade, para que as lideranças das comunidades possam se mobilizar em tempo hábil para salvar seus pertences e para salvar vidas humanas”, completou Rozenberg.
Autor: DCI