O CBT (Comitê Brasileiro de Túneis) aponta erros e até sobrepreços nos valores dos túneis do primeiro trem-bala brasileiro. Segundo o presidente do CBT, Tarcísio Barreto Celestino, não há consistência técnica no estudo da ligação ferroviária entre Rio, São Paulo e Campinas, que deve custar R$ 35 bilhões.
Celestino afirma que é a favor do empreendimento, mas diz temer que a obra seja realizada sem embasamento técnico. “O custo dos túneis na área rural está 46,1% mais caro do que na área urbana”, diz, ao citar uma das inconsistências do estudo requisitado pelo governo Lula e que deverá embasar a contratação da empresa responsável pela construção e operação do trem-bala.
A meta do governo é licitar a obra nos próximos meses para que ela seja entregue até 2015, antes da Olimpíada do Rio. A avaliação do CBT –integrado por alguns dos principais especialistas da área– foi apresentada na quarta-feira (28) em debate no Instituto de Engenharia.
Para Celestino, as incoerências nos valores em relação à realidade do mercado indicam que, na prática, os gastos do trem-bala poderiam ficar muito abaixo da estimativa.
O comitê, assim como outras instituições de engenharia (que contestam também as projeções de demanda), questionam a decisão do governo federal de lançar a concorrência sem fazer antes um projeto básico do empreendimento –procedimento corriqueiro do setor público, por exemplo, ao construir uma linha de metrô.
Eles alegam que, sem um detalhamento confiável, os riscos serão muito grandes –tanto de imprevistos na execução da obra como nos preços.
Além da diferença de valores nos túneis em áreas urbana e rural, Celestino diz que, na projeção do governo, há túneis com diâmetros maiores que custam menos do que os de diâmetros menores e que a técnica usada para a perfuração também apresenta incongruências.
Autor: Folha de S.Paulo