A maior parte das rodovias brasileiras está em más condições de tráfego, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). De acordo com o levantamento, 69% das estradas são ruins, e 31% estão em boas condições. Entre os problemas encontrados, estão a má qualidade do asfalto (63,9%), estradas com sinalização ruim (54,2%) e rodovias sem acostamento (46,3%).
Entre as rodovias sob gestão pública, 77,6% não apresentam boas condições para os motoristas e o restante (22,4%) tem boa trafegabilidade.
No caso das rodovias privatizadas, a situação se inverte: 76,5% estão em boas condições e 23,5% apresentam problemas.
De acordo com o levantamento, as piores estradas estão na região Norte. Mais de 90% das estradas apresentam más condições. A situiação mais crítica é no Amazonas, que tem toda a malha rodoviária considerada como regular, péssima ou ruim. Em seguida, está o Acre, que tem 98,7% das estadas em condições precárias. Roraima foi o que teve a maior parte das estradas avaliadas como ruins (43,6%) – a BR-210 foi considerada a pior estrada no estado.
As melhores rodovias estão na região Sudeste, onde 45,7% estão em boas condições. São Paulo apresenta as melhores condições em estradas. Mais de 70% delas estão em boas ou ótimas condições. A melhor estrada é a BR-478 (entre Lmeira e o litoral sul de SP), que foi avaliada como ótima. A SP-070 (que é privada) liga a capital paulista a Taubaté e foi avaliada como a melhor estrada.
O estado de Minas Gerais, que possui a melhor malha rodoviária do país, tem as piores estradas da região Sudeste. Um total de 73,7% das estradas mineiras foi avaliada como ruim, péssima ou regular. Apenas as BR-496 (no norte do estado) e 464 (próxima a Uberaba) foram avaliadas como ótima ou boa. As outras nove foram avaliadas como péssima, ruim ou regular, sendo que a BR-482 (na região de Viçosa) foi a que recebeu a pior classificação.
A pesquisa foi feita durante 45 dias e foram analisados 89.552 quilômetros de rodovias.
Brasil precisa investir R$ 32 bilhões para recuperar estradas
A CNT também concluiu que os atuais investimentos não são suficientes para recuperar as estradas. Segundo a pesquisa, de 2003 para cá R$ 23 bilhões foram aplicados no setor, mas ainda não teriam necessários no mínimo R$ 32 bilhões para melhorar as rodovias.
Em relação ao ano passado, o índice de estradas consideradas ótimas ou boas subiu de 26% para 31%, um aumento considerado baixo pela confederação. A confederação também não poupa críticas à atuação do TCU.
O presidente da CNT, Clésio Andrade, diz que a paralisação de obras gera prejuízo:
– Que o TCU reavalie seus critérios notadamente em relação a medidas cautelares. Nada impede que o TCU deixe prosseguir uma obra, que ele entre com ações necessárias, na hora de fiscalização, na hora de aprovação de contas. Que existam processos no Ministério Público para ressarcimento de danos de possível corrupção, mas que não atrapalhe o Brasil.
O TCU argumenta que a paralisação das obras somente no setor rodoviário poderia evitar desperdício de cerca de R$ 300 milhões. No entanto, segundo a CNT, a medida resultaria em mais de R$ 700 milhões de prejuízo por ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem criticando a a paralisação de obras por ordem da Justiça e do TCU. Na semana passada, o presidente afirmou que o país está travado, disse que é difícil governar com a máquina de fiscalização e defendeu a criação de uma câmara “inatacável” para dar a palavra final sobre a paralisação dos empreendimentos. Lula ameaçou ainda divulgar uma “lista de absurdos” com a relação de obras que teriam sido interrompidas sem motivo.
Autor: O Globo