Acidente na Usina Sayano-Schuschenk

Acidentes sempre chamam a atenção, muitas vezes por curiosidade e nem sempre para tirarmos lições e abreviarmos um aprendizado menos custoso.

O recente caso ocorrido no dia 17 de agosto, na Rússia, certamente chama nossa atenção e de forma intrigante.

A região é a Sibéria e a usina Sayano-Schuschenk, com potência de 6400 MW em 10 unidades geradoras e o trágico número de vítimas fatais está acima de 70 vidas.

A barragem de 200 metros de altura, em concreto, resistiu e por meio das informações até agora disponíveis, está segura, não apresentando riscos decorrentes do acidente.

Chegou a ser divulgado que estaria sendo cogitada a implantação de um vertedouro adicional, em regime de urgência, o que poderia indicar uma hipótese de um sub dimensionamento hidrológico, constatado posteriormente não ser esta a razão e sim um ajuste de condições de operação hidráulica e a tentativa de controlar uma fossa erosiva criada à jusante.

De fato foi um acidente mecânico, onde a fixação da tampa de uma turbina rompeu-se, não se sabendo ainda, se por defeito de fabricação ou fadiga.

Como em situações imediatamente após um acidente, vem desespero, como foi em 1963 na Itália, a seguir do acidente de Vayont e em vários outros lugares.

Uma operação inadequada resultou na ejeção de todo um conjunto gerador contíguo, acontecendo como uma rolha de uma garrafa de champagne ao ser aberta.

Daí desencadeou-se uma série de acidentes secundários, como curto circuito de geradores, trafos e sistemas auxiliares.

Tudo de forma muito rápida e assustadora, comprometendo todos os serviços de operação e proteção automática, o que destruiu três unidades geradoras.

O desfalque de energia no sistema foi dos 6400 MW, com comprometimento ecológico, ocasionado pelo derramamento de óleo dos equipamentos, que foi minimizado pela existência de um reservatório à jusante, que conteve grande parte deste óleo.

O relatório oficial ainda não saiu e somente ele é que trará a lume as verdadeiras causas e dai é que poderão ser depreendidas as custosas lições.

Uma primeira pista nos indica ao caminho de manutenção adequada e operação em situação de emergência.

*Fábio de Gennaro Castro, do Núcleo Regional de São Paulo do Comitê de Barragens, sócio remido do Instituto de Engenharia e  conselheiro do CBDB.

Autor: *Fábio de Gennaro Castro