A defesa da sustentabilidade dos projetos e obras para a Copa de 2014 e o respeito aos projetos de arquitetura das futuras arenas foram os temas centrais do II Fórum de Arquitetos da Copa, realizado em Salvador-BA, nos dias 10 e 11 de setembro. O encontro contou com a presença de 15 arquitetos autores dos projetos de estádios para a Copa de 2014, além de consultores e de representantes de empresas de materiais e serviços para arquitetura e construção. A reunião foi aberta pelo presidente do Sinaneco/BA, Claudemiro Santos Jr., e coordenada por Leon Myssior, vice-presidente de Arquitetura do Sinaenco. Na próxima semana será divulgada carta com as decisões do encontro.
No início dos trabalhos, o arquiteto alemão Claas Schulitz, co-autor do projeto do estádio Fonte Nova, elogiou o fórum e disse que embora os alemães sejam conhecidos por sua organização e capacidade de planejamento, em 2006, nos preparativos da Copa da Alemanha, os arquitetos trabalharam individualmente, sem essa troca de experiências que está sendo proporcionada pelo Fórum de Arquitetos da Copa.
Copa Verde
O economista Ian Mckee falou sobre o projeto Copa Verde e a possível Certificação LEED dos estádios, conforme sugerido pela Fifa. Para ele, em vez de 12 sedes, podemos pensar em 12 cidades verdes no pós-copa. Um dos grandes atributos do país, comentou Mckee, é a grande oferta de energia limpa, sem a necessidade de queimar combustíveis fósseis.
Nos debates, o arquiteto Carlos Arcos lembrou que o estádio Ninho de Pássaros, da China, é um (mau) exemplo do uso de recursos naturais: “Aquela imensa malha metálica que reveste a obra não tem nehuma função estrutural, custou uma fortuna e demandou muitos recursos naturais, embora tenha um forte peso simbólico”. O arquiteto uruguaio, autor do projeto do estádio de Curitiba, avalia que o Brasil não poderia ter nenhum espaço simbólico apenas. “Os estádios deveriam ser construídos sempre verdes, com materiais adequados, disponíveis na região, para evitar os tais elefantes brancos”, disse Arcos.
Sustentabilidade econômica
Outro palestrante Álvaro Costa, da ACE Esportes e Eventos, trouxe dados de consumo médio nos estádios em alguns países. Se na Inglaterra o torcedor consome 51€, o brasileiro está no patamar de R$12. Aumentar o ticket médio é uma primeira ação a ser tomada para que as praças se sustentem. Álvaro Costa acredita que embora seja preciso a elitização, esta não será por completo: “Será necessário reservar um espaço, com menos visibilidade e preços menores”.
Espetáculos midiáticos e grandes shows
Durante a palestra, Álvaro Costa, da ACE Esportes e Eventos, destacaram também, a importância de desenvolvimento dos estádios brasileiros, tendo em vista as necessidades da mídia. O futebol é um espetáculo para se ver, sobretudo, na televisão. “Não podemos pensar em estádios que as emissoras não tenham condições de colocar todas suas as câmeras”, chama atenção.
Outro enfoque foi a utilização das arenas multiuso. Na Europa, onde o futebol pára entre maio e agosto, os estádios são utilizados para shows. “Esta seria uma saída para complementação da renda dos empreendimentos”, afirma Costa.
Álvaro Costa explica que deve haver a mudança total de atitude, a começar pelos dirigentes de clubes. “É preciso profissionalizar a gestão”, assinala.
Por fim, o especialista criticou os estudos de mercado desenvolvidos pelas cidades sede. Os estudos hoje estariam mais focados nos custos do que na viabilização comercial dos estádios. “Uma lição que deveria ter sido aprendida é a do Rio de janeiro, onde a Vila do Panamericano está hoje sem uso”, concluiu.
Patrocinadores
Durante os dois dias do fórum, os responsáveis pelos projetos dos estádios da Copa de 2014 tiveram a oportunidade de conhecer soluções oferecidas por empresas brasileiras e multinacionais para redução dos impactos ambientais dos projetos.Associadas às palestras de sustentabilidade, viabilidade econômica e participação do grande público nos jogos, foram intercaladas apresentações sobre novas tecnologias e sistemas construtivos para os projetos das novas arenas. A 2ª reunião do Fórum de Arquitetos da Copa foi patrocinada pela Usiminas, Instituto do PVC, Holcim, Cerâmica Atlas, Autodesk, VM Tubes, Atlas Schindler, Lanxess, Quattor, Haver & Boecker, Day Brasil, Cromex, Furukawa e CSN.
Autor: Sinaenco