Ao contrário do que acontece no Brasil em relação a 2014, a decisão de construir novos estádios na África do Sul para receber a Copa de 2010 nunca enfrentou grande resistência. Das 10 arenas a serem utilizadas no Mundial do ano que vem, apenas quatro já existiam antes da escolha do país como sede. As outras seis, começaram a ser construídas do zero.
Políticos, dirigentes esportivos, a população e até a imprensa sul-africana dizem acreditar que todas as cidades escolhidas realmente farão uso das novas instalações. “Não é só para a Copa, esses estádios serão utilizados para campeonatos de futebol, rúgbi e outros eventos depois. Se os Rolling Stones quiserem fazer um show em Polokwane, vai haver um local adequado pra isso”, afirma Louis Raubenheimer, editor de esportes da revista FHM.
Essa certeza de que os estádios construídos para o torneio da Fifa não acabarão virando grandes “elefantes brancos”, contudo, teve um abalo nesta semana, com declarações do diretor-executivo do Comitê Organizador Local (LOC, na sigla em inglês), Danny Jordaan, a respeito do estádio de Green Point, na Cidade do Cabo, que passa pelas últimas etapas da construção e deve ficar pronto em dezembro.
“Para garantir o legado para a cidade e a viabilidade econômica dos novos estádios, eles serão usados tanto para jogos de rúgbi quanto de futebol, é muito importante saber disso. Mas seria muito doloroso se nenhum time da Cidade do Cabo passasse a usar o estádio Green Point depois da Copa”, afirmou
Para esse discurso virar realidade, no entanto, o novo estádio terá alguns obstáculos para enfrentar. Apesar de ser a segunda maior cidade do país, a Cidade do Cabo e toda a região da província do Cabo Leste são conhecidas pela pouca popularidade do futebol em comparação com outras áreas do país.
Os dois times de futebol da cidade que disputam a primeira divisão nacional, Ajax Cape Town e Santos, raramente levam mais que 15 mil torcedores aos seus jogos. Além disso, o time de rúgbi local, o Western Province, é proprietário do estádio de Newlands, um dos mais modernos do país, com capacidade para 48 mil pessoas. Por isso, a princípio o time não teria motivos para transferir seus jogos para a nova arena.
Por conta de todos esses fatores, o Green Point deve ser foco de uma estratégia diferente depois da Copa, funcionando o máximo possível dentro do conceito de arena multi-uso. Ou seja, com a realização de eventos musicais e outras atividades para a população, não apenas eventos esportivos.
O diretor do LOC também afirmou que o andamento da construção nos novos estádios já passou dos 80%. Das novas arenas, apenas o estádio de Port Elizabeth já está pronto. Além do Green Point, estão em fase final de construção o Moses Mabhida, em Durban, o Mbombela, em Nelspruit, o Peter Mokaba, em Polokwane, e o Soccer City, em Joanesburgo.
Até agora, o investimento público em obras relacionadas à Copa do Mundo (incluindo estádios e infraestrutura) já chega a 28 bilhões de rands -aproximadamente sete bilhões de reais.
Autor: IG