As montadoras brasileiras já produzem carros que poluem menos, dentro dos limites aprovados pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Esses veículos, porém, são só para exportação.
Representantes das empresas insistem que o prazo para adaptação –quatro anos e meio– é necessário para que haja a “inovação tecnológica”.
Pelas novas regras, carros novos de passeio e de passageiros movidos a gasolina ou a álcool terão de sair das fábricas em janeiro de 2014 emitindo, em média, 33% menos poluentes. O prazo para os carros a diesel é janeiro de 2013. Mesmo com a redução, os veículos brasileiros poderão poluir mais do que os que circulam, por exemplo, na Europa, onde, desde 2005, o limite é menor do que o fixado aqui.
“Serão feitas alterações na central eletrônica, catalisadores e injetores, mas é uma tecnologia que já fornecemos aqui”, afirma Eduardo Campos, gerente da Magneti Marelli, fornecedora de sistemas e componentes para as montadoras. “O país tem tecnologia para atender esses níveis. Já fabricamos carros assim. Tecnicamente não é problema”, diz Carlos Henrique Ferreira, analista técnico da Fiat. “O carro é produzido aqui e entregue pronto lá. Mas não podemos simplesmente passar [a tecnologia] de um carro para outro.”
Um ponto que os técnicos ressaltam é a baixa qualidade do combustível, que influi diretamente na
quantidade de poluentes emitidos. “O combustível brasileiro é muito ruim”, afirma Ricardo Bocki, professor de engenharia mecânica da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).
Ele diz acreditar que não haverá alta no preço dos veículos por causa das adaptações. “As montadoras estão sempre desenvolvendo pesquisas. Haverá trabalho adicional, mas o valor ficará diluído. O impacto é menor do que a obrigatoriedade do ABS e do airbag”, afirma. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz que “o cumprimento da nova etapa de emissões de veículos leves representará investimentos e custos de desenvolvimento, como toda inovação tecnológica”.
E ainda que “o repasse desses custos ao consumidor é matéria estrita de cada fabricante”. O professor do Departamento de Ciências do Meio Ambiente da PUC-SP Paulo Roberto Moraes critica o prazo longo, já que as montadoras dispõem da tecnologia. “Há interesses financeiros que não permitem que se faça mudanças rápidas”, afirma.
Autor: Folha Online