Porto: Esperança e urgência

Especialistas do Instituto Militar de Engenharia do Exército inspecionaram as instalações do Porto de Itajaí, no início desta semana, diante da possibilidade de que esta instituição militar venha a ser encarregada de tocar à frente às obras de recuperação daquele terminal marítimo, que estão paralisadas desde julho. Na sexta-feira, o parecer técnico dos engenheiros militares será encaminhado ao comando do Exército. 

Aguarda-se uma manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a viabilidade da realização de um contrato emergencial, autorizando um aditivo de 50% no valor da obra de reconstrução e manutenção do contrato com o consórcio que venceu a concorrência e foi contratado em fevereiro, paralisando o trabalho depois de cinco meses de trabalho após a necessidade de alterações no projeto, que aumentariam o valor da empreitada. A representação catarinense no Congresso, independente de ideologia e partido, tem exercido legítima pressão para que o TC apresse a decisão diante de sua importância para a o Estado. E parece que deu certo, pois o procurador-geral do TCU garantiu, em entrevista ao DC, que no começo da próxima semana entrega seu parecer ao ministro-relator. 

As obras de recuperação do porto foram atropeladas pela burocracia empedernida e pelo mau gerenciamento do governo federal. Se um dos setores da economia brasileira mais afetados pela crise mundial foi o da infraestrutura, a situação é particularmente preocupante em relação aos portos, que há décadas carecem de investimentos que os modernizem e tornem competitivos. Quando eram 100% estatais, e o governo os administrava, este não aplicou os recursos que neles deveria ter aplicado; privatizados, não criou as condições para que o setor privado pudesse fazê-lo com segurança. Cada dia de atraso aumenta o custo da empreitada, e amplia os prejuízos à economia da região, estreitamente vinculada à movimentação do terminal marítimo. 

Também as exportações catarinenses, não bastassem as medidas protecionistas adotadas por alguns dos seus maiores mercados consumidores no exterior, entre os quais se destaca o da Argentina, ressentem-se fortemente com a situação do porto. O volume financeiro movimentado pelas exportações de Santa Catarina foi a pique, e o desemprego na área do terminal e seu entorno é contristador. Quanto às empresas, os gastos com fretes para embarcar cargas em outros portos duplicaram. Prazos não são cumpridos, negócios são cancelados, mercados duramente conquistados podem ser perdidos. O Porto de Itajaí faz muita falta…

Autor: Diário Catarinense