O vestibular 2010 da USP terá mais uma opção para quem quer ser engenheiro. A universidade está lançando o curso de graduação de engenharia de materiais e manufatura na Escola de Engenharia de São Carlos (232 km de SP).
Serão oferecidas 50 vagas em horário integral para um período mínimo de cinco anos.
A criação do curso havia sido aprovada ainda em novembro do ano passado. De lá para cá, diz Eduardo Belo, vice-diretor da Escola de Engenharia de São Carlos, a instituição se preparou montando seus primeiros laboratórios específicos.
O curso de São Carlos difere em alguns pontos das outras engenharias de materiais oferecidas pela instituição –na capital e em Lorena– e da tradicional graduação da UFSCar.
O primeiro diferencial está já no nome. A palavra “manufatura” revela a preocupação com o processo de fabricação.
Tradicionalmente, explica o professor Waldek Wladimir Bose Filho, coordenador do novo curso, os engenheiros de materiais têm a preocupação de estudar as propriedades de um material já existente, transformá-las e combiná-las de forma a tornar os produtos mais eficientes ou criar algo.
O curso recém-criado, porém, pensa também na destinação final do material. Assim, o estudante da USP São Carlos vai se envolver com o processo inteiro: o projeto, a seleção do material, a escolha da forma como será fabricado e seu possível reaproveitamento.
Outro diferencial é seu caráter multidisciplinar. “Além das disciplinas de materiais, o aluno terá também disciplinas dos departamentos de engenharia mecânica e de produção. É uma proposta inédita no Brasil, mas que já é explorada em países desenvolvidos”, diz Bose Filho.
Um terceiro fator é que, por ter sua formação focada na cadeia produtiva, o engenheiro de materiais da USP São Carlos não terá as especializações clássicas –ceramista, metalurgista ou polimérico–, mas sairá da faculdade com uma noção de processo que o engenheiro de materiais tradicional não tem.
Quem comemorou o anúncio do curso novo foi Mariana Oliveira, 19, que presta engenharia de materiais pela segunda vez. Desde o ano passado, quando chegou a ficar na lista de espera da UFSCar, ela esperava o curso da USP ser aberto.
“Fiquei sabendo pela internet. Achei até que fosse abrir já no ano passado”, diz.
Neste ano, Mariana está confiante no seu desempenho. Para que tudo dê certo, ela está tendo aulas no Maquifísica, um cursinho em São Carlos especializado em física e matemática, as disciplinas específicas que serão cobradas no vestibular da Fuvest para o curso.
As aulas extras, diz a vestibulanda, ajudam a sanar seus pontos fracos, porque ela gosta mesmo é de química –afinidade que, segundo ela, foi fundamental na escolha do curso.
E é bom mesmo que ela goste de química. Na grade curricular do curso novo, as três disciplinas mais requisitadas serão, justamente, química, física e matemática.
Outro a comemorar foi Horacídio Leal, diretor-executivo da ABM (Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais).
Para ele, novos cursos na área de materiais são sempre bem-vindos, porque vão formar profissionais para uma área que tem demanda e que está vivendo uma oferta crescente de vagas na universidade.
Autor: Folha de S.Paulo