Obter um combustível com menor impacto ambiental, usando matéria-prima barata e agregando maior produtividade por área cultivada, além de auxiliar na redução da queima da palha da cana-de-açúcar e dos problemas gerados por esta prática. Estes são os objetivos do projeto Lignoetanol, coordenado por uma empresa brasileira em parceria com instituições de pesquisa da Espanha e de Portugal e apoiado pela FINEP.
Integrando instrumentos, além de receber R$ 1 milhão do Programa de Subvenção Econômica, houve um apoio anterior de cerca de R$ 160 mil com recursos dos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia CT-Petro e CT-Agro. A FINEP também foi responsável por facilitar a cooperação internacional, por meio do Programa Iberoeka. “O programa ajudou na aproximação com os centros de pesquisa ibéricos, além de aportar auxílio financeiro para a realização das reuniões de trabalho com os parceiros estrangeiros”, conta Sílvio Vaz Jr., coordenador do projeto pela empresa brasileira Hidrolisis. Ele considera ainda uma “vantagem de mercado” ter sido selecionado pelo programa de Subvenção. Segundo ele, a empresa espera que com este apoio possa colocar sua tecnologia à disposição do setor bioenergético em um espaço de tempo bem menor do que se não houvesse obtido tais recursos.
Apesar da previsão de comercialização ser o início de 2012, o projeto já tem frutos. O Lignoetanol deu à Hidrolisis o Prêmio Abiquim 2008 na categoria empresa nascente, concedido pela Associação Brasileira da Indústria Química.
A Hidrolisis, com sede em São Carlos (SP), será responsável por todas as ações de caráter industrial referentes ao desenvolvimento e aplicação da tecnologia desenvolvida. Os parceiros de pesquisa são os portugueses INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação e ISA/UTL- Instituto Superior de Agronomia/Universidade Técnica de Lisboa e o espanhol CIEMAT – Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y Tecnológicas.
Ainda não existe no mercado um processo industrial economicamente viável de produção do etanol ligninocelulósico, ou seja, de segunda geração, que é o etanol obtido a partir da biomassa vegetal, como a palha e o bagaço da cana. “Um dos maiores gargalos é o preço das enzimas utilizadas como catalisadores, já que as disponíveis são importadas ou produzidas por multinacionais, além da dificuldade de obtenção de bons rendimentos do etanol a um baixo custo de produção”, explica Sílvio.
Apesar de quimicamente toda biomassa vegetal poder ser utilizada para a produção do etanol, deve-se considerar sua viabilidade técnica e econômica, o que acaba limitando o número de matérias-primas comercialmente viáveis.
O projeto Lignoetanol pretende desenvolver uma forma de aproveitar em especial a palha residual do processo de colheita. A produtividade deverá ser significantemente aumentada sem a necessidade de expansão da área de cultivo ou conflito entre plantações alimentares e energéticas, além de se evitarem problemas ambientais e de saúde pública decorrentes da queima da palha.
Está prevista também a certificação do etanol ligninocelulósico obtido, segundo os parâmetros analíticos do Brasil, dos Estados Unidos e da União Européia, e ainda estudos de viabilidade técnico-econômica nacional e internacional.
Autor: Finep