Ponte Santos Guarujá precisa ter 80 metros de altura, afirma Codesp

A ponte projetada pelo Governo do Estado na entrada do Canal do Estuário, ligando os municípios de Santos e Guarujá, precisará ter ao menos 80 metros de altura para não limitar o desenvolvimento das operações portuárias na Baixada Santista. Segundo o presidente da Codesp, José Roberto Serra, se o projeto apresentado pelo governo paulista ­ preliminarmente com 70 metros ­ for mantido, “será a morte do Porto de Santos”. 

Ainda há divergências sobre quais as melhores técnica de engenharia e localização para a ligação seca, levantadas principalmente após o Estado desistir de implantar um túnel submerso e optar por uma ponte estaiada, em substituição ao atual sistema de travessia por balsas. 

Entretanto, há consenso de que a ideia lançada pelo Governo de São Paulo, com as características anunciadas do projeto, não atende a demanda da região. Essas foram as conclusões do seminário Ligação pelo Futuro da Baixada Santista ­ Túnel, Ponte ou Ambos, promovido ontem, na Cidade, pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS) e pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco). 

Foi no evento que o presidente da Codesp revelou que a proposta estadual, em sua versão original, impedirá a chegada dos navios previstos para escalar na região nos próximos anos. Estimativas indicam que os transatlânticos terão até 80 metros de altura. 

Pela proposta apresentada pelo Governo do Estado ­ o Palácio dos Bandeirantes se prepara para contratar o projeto básico, que definirá as características da obra ­, nem mesmo os navios que trazem equipamentos de grande porte conseguiriam entrar no Canal do Estuário, já que a estimativa é que no futuro haja necessidade de pelo menos 76 metros para essas embarcações. 

“Da forma que (a ponte) está sendo planejada, vai matar o Porto de Santos”, afirmou o presidente da Codesp. Inclusive, ele voltou a defender que a melhor opção é a construção de uma ligação no fundo do estuário, entre o Saboó e a Ilha Barnabé. 

Comparação

Para o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi, a chave para a escolha da melhor alternativa de ligação seca entre Santos e Guarujá é a realização de uma comparação entre ambas. Segundo ele, somente estudos mais aprofundados poderão denunciar os impactos e os riscos de cada opção (túnel e ponte). Já no entender do presidente do Comitê Brasileiro de Túneis (CBT), Tarcísio Celestino, a escolha pela ponte é equivocada. Ele defende que há tecnologia para a construção de túnel submerso entre as duas margens do estuário. 

Segundo o coordenador do curso de Engenharia Civil da Universidade Santa Cecília, Iberê Martins da Silva, com base nas demandas de crescimento do Porto, a opção pela ligação no fundo do estuário é menos impactante do ponto de vista urbano. 

Para o presidente da AEAS, Marcos Teixeira, as alternativas devem ser avaliadas, mas a escolha precisa se basear em estudos que apontem o melhor custo-benefício. 

Projeto preocupa deputados 

Deputados da região vêem com preocupação a opção do Governo do Estado por uma ponte na entrada do Canal do Estuário. Para eles, a escolha sem uma discussão apropriada com a comunidade poderá, sim, inviabilizar o desenvolvimento da região e do Porto. 

O deputado federal Beto Mansur (PP-SP) é a favor da realização de estudos também para a opção túnel. “Há necessidade de ter projeto básico de ambos para haver a comparação”, argumenta, ressaltando que, em um primeiro entendimento, as duas opções são viáveis. 

Para o deputado federal Márcio França (PSB-SP), a discussão precisa ocorrer, até para depois haver a busca por recursos para a implantação do empreendimento. 

Já o deputado estadual Luciano Batista (PSB) entende que a alternativa estadual será um “lindo cartão-postal”. Mas, ele teme que o projeto tenha o mesmo impacto da Ponte Pênsil, em São Vicente, que acaba limitando a atividade marítima na baía do município. Já o deputado estadual Fausto Figueira (PT) avalia que seja qual for a opção escolhida, ela terá de ser um elo de integração entre os municípios e os modais existentes na região. 

O Governo do Estado não mandourepresentanteao seminário, mas informou que abrirá aspropostaspara oprojetobásico da ponte dia 21 e, depois, participará dediscussões.

Autor: A Tribuna