Cidade mineira aguarda primeira extração de gás natural no estado

A primeira extração de gás natural em Minas será feita nas proximidades do Rio Indaiá, no município de Morada Nova de Minas, Região Central do estado, a apenas 292 quilômetros de Belo Horizonte. É lá que será perfurado, em setembro, o primeiro poço de gás da parte mineira da Bacia do Rio São Francisco. A exploração comercial do produto, porém, só deverá ser iniciada em cinco anos, de acordo com a quantidade de gás encontrada. A informação é do geólogo Renato Fonseca, responsável pela área de petróleo e gás da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). O bloco 132 da bacia, onde se localiza o poço, está sendo explorado em consórcio pela própria Codemig, além da Delp Engenharia, Orteng Equipamentos e Comp. “A expectativa é encontrar uma acumulação de grande porte”, revela Fonseca, sem detalhar a qual o volume se refere. No mercado de petróleo e gás, contudo, uma acumulação dessa magnitude tem acima de 50 milhões de barris de óleo equivalente.

No total, o primeiro poço de gás natural na região deverá consumir investimentos de R$ 17 milhões, incluindo R$ 7 milhões já aplicados em geoquímica de superfície, aerolevantamentos e estudos sísmicos. A descoberta e a exploração do combustível é aguardada na região do São Francisco como a redenção econômica de uma área formada por Morada Nova, Paineiras, Tiros e São Gonçalo do Abaeté, nas mediações da represa de Três Marias, além de Santa Fé de Minas, município de 4 mil habitantes no Noroeste do estado. A expectativa está aberta em duas frentes: a primeira é a chegada do dia em que a riqueza que dorme no subsolo da região será transformada em dinheiro depositado nos cofres municipais, por meio do recebimento de royalties pela exploração do produto. A outra diz respeito à chegada de fábricas de cerâmicas, de fertilizantes e indústrias siderúrgicas na bacia do rio, atraídas pela oferta de gás natural.

“No momento em que o gás natural começar a ser explorado comercialmente, ele será um atrativo para a indústria. Teremos que segurar o gás do São Francisco em Minas, por meio da ampliação da sua utilização no setor industrial, para evitar que ele vá para São Paulo”, afirma o coordenador do Núcleo de Inteligência Competitiva formado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Paulo César Salles.

Na avaliação de Fonseca, o potencial de uso do gás natural no Brasil é imenso. Números da Petrobras mostram que o Brasil consome 58 milhões de metros cúbicos do produto ao dia , a maior parte na indústria (60,8%) seguida da produção de energia elétrica (16,9%) e da indústria automotiva (13,8%). Nos Estados Unidos, são nada menos do que 1,6 bilhão de metros cúbicos diariamente, sendo 31,28% no setor elétrico e 31,07% no industrial.

A Bacia do São Francisco tem 43 blocos de gás natural a serem explorados, parte em Minas, parte na Bahia. Em 2005, o consórcio formado pela Codemig arrematou um bloco que engloba os poços Rio Corrente, Montalvânia, Remanso do Fogo e Fazenda Ludovico. São ao todo 3 mil quilômetros a serem explorados. “A ANP achava que não haveria interessados em explorar o gás na região. Por isso, o valor foi colocado lá embaixo. A Codemig, então, selecionou os quatro poços”, explica o geólogo Renato Fonseca. O interesse da estatal acabou por atiçar outras empresas, avalia Salles. Durante essa rodada, a ANP ofertou 39 blocos na região, dos quais 33 foram concedidos.

A argentina Oil M&S arrecadou 22 blocos, seguida de Petrobras (6), Abaris (3) e Cisco Oil & Gas (1), além da Orteng. As empresas têm prazo de seis anos para realizar estudos geológicos. A primeira etapa termina em janeiro de 2010, e a segunda, condicionada à perfuração de poços, termina em janeiro de 2012. No ano passado, durante a décima rodada, foram ofertados 12 blocos e concedidos nove – cinco para a Shell, dois para a Comp e dois para a Orteng. Os contratos dessa fase foram assinados no final de junho e os prazos de exploração vencem em 2014 e 2016.

Autor: UAI