Em meio à maior crise econômica desde o fim da era soviética, Cuba comemora uma boa notícia: a construtora Odebrecht, com financiamento brasileiro, vai começar a reformar o porto de Mariel, a 50 km de Havana.
Fechado na semana passada, o acordo foi o ápice de uma missão do Ministério do Desenvolvimento e da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) ao país, que levou uma comitiva de empresários brasileiros à ilha.
Se o financiamento em si não é novo –os US$ 300 milhões serão remanejados de um empréstimo, via ProEx (Programa de Financiamento às Exportações do Banco do Brasil), que já estava aprovado para Cuba–, a missão reitera a mensagem de que o Brasil não pretende deter sua investida em aprofundar laços econômicos com Cuba por conta da crise.
Havana retribuiu a deferência. O dirigente máximo cubano, Raúl Castro, recebeu por quase duas horas a comitiva brasileira, que teve reuniões com dez ministros cubanos.
Segundo o presidente da ABDI, Reginaldo Arcuri, as conversas em Cuba incluíram a situação econômica no país, que enfrenta crescente déficit na balança comercial e acumula dívidas com fornecedores. “Tivemos reunião no Banco Central de Cuba. Essas questões foram todas discutidas. Os empresários estão cientes de quais são as circunstâncias”, disse Arcuri à Folha.
Cuba quer fazer do porto de Mariel, famoso como ponto de partida do êxodo em massa de cubanos nos anos 80, um centro logístico da nascente indústria petroleira “offshore”, da qual a Petrobras faz parte.
Nesta semana, a empresa abriu escritório em Havana e informou ter terminado os trabalhos sísmicos de análise do bloco 37, nas águas cubanas do golfo do México. Agora, de acordo com os termos do contrato com os cubanos, a Petrobras tem até maio do ano que vem para decidir se vale a pena ou não perfurar a área.
Autor: Folha de S. Paulo