Mais de um terço das exportações de açúcar do mundo deverá passar pelo Porto de Santos na atual safra (2009/2010), conforme levantamento feito pela Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o cais santista. A previsão é que sejam embarcadas 19,3 milhões de toneladas nos próximos meses, o que representará 73% do total nacional ¬ a estimativa é de que o Brasil detenha 50% das vendas externas.
Os dados apontam para um incremento de 30% em comparação ao que foi movimentado pelo complexo santista no ano passado, quando foram escoadas 14,6 milhões de toneladas.
A perspectiva deve-se à maior demanda mundial pelo artigo brasileiro, consequência da redução na fabricação de açúcar pelos principais produtores mundiais, como a Índia, a Tailândia, a China e o Paquistão. Na Índia ¬ maior consumidor do planeta e segundo produtor mundial da carga ¬- verificou-se uma queda de 43% na safra 2008/ 2009, em relação ao período anterior, passando de 26,3 milhões de toneladas para 15 milhões de toneladas.
A diminuição ocorreu devido à decisão de fazendeiros, que optaram em destinar suas terras a culturas mais rentáveis. Também favoreceu essa redução uma queda na produtividade agrícola, devido a fatores climáticos.
Na Tailândia, a produção de cana foi reduzida de 73,3 milhões de toneladas em 2007/ 2008 para 66,4 milhões, em 2008/ 2009. As causas foram o menor uso de fertilizantes e problemas climáticos. Com isso, a produção de açúcar atingiu 7,2 milhões de toneladas, 9% a menos em relação à safra passada.
Na China, a diminuição foi de 17%, caindo de 14,8 milhões de toneladas para 12,3 milhões de toneladas. No Paquistão, chegou a 26%, de 4,6 milhões de toneladas para 3,4 milhões de toneladas, devido aos mesmo problemas ocorridos na Índia.
SINDICATO
Para o presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Rodnei Oliveira da Silva, o aumento de 30% previsto para as operações de açúcar no Porto ampliará o número de trabalhadores avulsos requisitados junto ao cais público. Ele afirma que, normalmente, o produto já é o que mais demanda serviço aos trabalhadores portuários avulsos (TPAs, classificação dos estivadores) e que a categoria está preparada para atender a necessidade dos terminais.
“Tenho certeza de que esse incremento vai repercutir muito com os trabalhadores e estamos prontos para isso. Porém, caso seja preciso, o Ogmo (Órgão Gestor de Mão-de-obra, responsável pela escala dos TPAs no cais) poderá abrir novos cadastros para a contratação de mão de obra”, explicou o sindicalista.
Viaduto facilitará escoamento da safra
Para o diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da Codesp, Paulino Moreira Vicente, as perspectivas para a safra de açúcar deste ano estão diretamente ligadas aos projetos de ampliação e modernização do Porto de Santos. Nesse sentido, ele destacou a construção do viaduto do Bairro do Paquetá, na direção da Avenida João Pessoa, principal obra da Avenida Perimetral da Margem Direita.
Com previsão de entrega para o final deste mês ou, no máximo, no início de agosto, o empreendimento vai eliminar os cruzamentos rodoferroviários na Avenida Eduardo Guinle. “Tenho certeza de que temos essa estimativa de aumento da safra principalmente utilizando as ferrovias e essa obra irá possibilitar o crescimento desse modal, pois quando eliminamos o conflito rodoferroviário, passamos a oferecer condições para que os terminais de açúcar posicionados nas regiões do Paquetá e Outeirinhos tenham uma operação mais ágil e otimizada”.
A outra alça do viaduto que servirá de entrada ao contorno de Outeirinhos deverá ser entregue até o final de setembro, afirmou o diretor. “Estamos intensificando a chegada das máquinas para acelerar o serviço”.
SAFRA
Moreira Vicente destaca que o pico da safra deste ano – o ciclo começou em março – acontecerá entre este mês e novembro próximo, já que até junho havia sido movimentado apenas 22% do que está previsto.
Do volume a ser embarcado pelo cais santista, o diretor não tem ainda os dados de quanto deve ser movimentado especificamente pelos modais rodoviário e ferroviário, porém, acredita que a maioria será absorvida pelos caminhões.
Apesar do incremento do volume de açúcar exportado pelo Brasil e pelo complexo marítimo estarem relacionados com a redução da carga em outros países, o diretor ressalta que se o Porto não tivesse recebido investimentos, a região teria dificuldades em atender essa demanda. “Com a conquista de preços competitivos e com essa zona de fornecimento de produtos muito próxima ao Porto de Santos, são necessários novos projetos para que estejamos preparados. As obras que estão para ser entregues vêm de imediato para atender a safra em curso”.
No Porto de Santos são três os terminais que operam açúcar. Na Margem Direita estão os terminais da Copersucar e Cosan. Já na Margem Esquerda, está o Teag.
Autor: A tribuna