Tecnologia do passado em navios do futuro

As antigas caravelas estão prestes a singrar os mares com força total. A novidade, agora, é que ao invés de presas aos mastros, os grandes cargueiros poderão ser impulsionados por enormes velas semelhantes à paraquedas. 

Atualmente, cerca de 100 mil navios fazem o transporte de pessoas e mercadorias pelo mundo. Mais de 80% dos bens comercializados entre os países são transportados por navios. Até 2020, estima-se que essa frota aumentará 75%. 

Com o novo sistema, batizado de `SkySails' e criado na Alemanha, será possível reduzir em até 50% o gasto com combustível – que corresponde a mais de 70% dos custos das embarcações. 

Para se ter uma ideia do que isso significa, um navio de porte médio (cem mil cavalos de força) consome até 15 toneladas de óleo por hora. 

Dessa forma, segundo estimativas do setor, o tráfego marítimo mundial seria responsável pela emissão de mais de 800 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano – além de uma enorme quantidade 
de derivados de petróleo. 

Com o uso do sistema `SkySails', as embarcações podem reduzir esse consumo entre 10% e 35%, chegando a 50% em situações ótimas de vento. Os cálculos se baseiam em dois navios que já utilizam a novidade, o MV Beluga e o MV Michael A. 

A vela, com 160 metros quadrados, chega a desenvolver, com a ajuda do vento, uma força de tração de até oito toneladas, quase igual ao empuxe produzido por um motor de um avião Airbus A318. 

Embora o transporte marítimo seja comparativamente menos poluidor do que os demais, a Organização Marítima Internacional, vinculada à Organização das Nações Unidas, vem adotando novas regras para diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Em 2008, por exemplo, entrou em vigor a norma que diminui o dióxido de enxofre nos combustíveis náuticos. 

ASA DELTA 

Outra vantagem do sistema é que a vela é controlada por computadores. Dessa forma, ela aproveita tanto os ventos por trás como os que sopram lateralmente à embarcação. 

O `SkySails' foi criado pelo engenheiro alemão Stephan Wrage, nascido na cidade portuária de Hamburgo. A ideia, segundo ele, surgiu quando praticava asa-delta na praia.
Em 2001, ele transformou o sonho em realidade. Seis anos depois começaram os testes práticos, com o MV Beluga, cuja viagem inaugural se deu entre a Alemanha e a Venezuela.

Autor: A Tribuna