Dentro de nove meses, em março de 2009, o Brasil terá à disposição uma alternativa técnica e economicamente viável para o amianto, cuja proibição de uso no Estado de São Paulo acaba de ser referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Trata-se da fibra acrílica (PAN) de alta performance, que vem sendo desenvolvida em São José dos Campos (SP) pela empresa de capital italiano Radici Fibras, com apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, do governo federal. A indústria já investiu R$ 4 milhões no projeto e planeja iniciar a produção em março próximo, oferecendo ao mercado brasileiro, já em 2009, 10 mil toneladas/ano do produto, volume equivalente a 50% da demanda anual de amianto.
Embora proibido em mais de 40 países há pelo menos duas décadas e apontado por organizações internacionais como cancerígeno, o amianto continua sendo usado em diversos estados brasileiros, especialmente na construção civil.
A insistência na utilização do produto se deve ao seu baixo custo e características técnicas favoráveis, mas há um crescente movimento de oposição a ele na sociedade brasileira. Diversas construtoras, por exemplo, já se recusam a utilizar em suas obras telhas, caixas d’água e outras peças de fibrocimento que contenham amianto, pois sabem que, se não o fizerem, vão enfrentar a resistência dos compradores dos imóveis. Da mesma forma, é cada vez maior o número de governos estaduais e municipais que vêm adotando restrições legais ao uso do amianto.
Até agora, as aparentes vantagens econômicas e técnicas do amianto vinham se sobrepondo aos seus efeitos negativos sobre a saúde pública e impedindo, por falta de demanda, o desenvolvimento de alternativas seguras. A situação, no entanto, já começou a mudar.
Diversas pesquisas para o desenvolvimento de fibras naturais ou sintéticas que possam substituir o amianto estão em andamento. Universidades importantes como a USP e a Federal de São Carlos tem equipes permanentemente envolvidas com a pesquisa de alternativas economicamente viáveis e tecnicamente eficientes.
Essas pesquisas têm também o apoio de fabricantes de fibras sintéticas, mesmo sem uma legislação que favoreça a pesquisa, uma vez que é grande o potencial de negócios representado pelos produtos em desenvolvimento.
Autor: Obras 24horas