A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tem como meta universalizar a coleta e o tratamento de esgotos na Região Metropolitana de São Paulo até 2018. Para tanto, prepara a fase 3 do Projeto Tietê. Hoje, técnicos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estarão em São Paulo para analisar o programa e dar o aval para um empréstimo de US$ 800 milhões, escalonado até 2014. Outros US$ 200 milhões ficarão como contrapartida do governo do Estado. Um terço da poluição do Rio Tietê tem como origem o lixo jogado nas ruas, de acordo com a Sabesp. A meta do governo é que 100% da população teria todo o esgoto coletado e tratado no fim da próxima década.
Nas duas primeiras etapas do Projeto Tietê, iniciado em 1992, foram eliminados 2.250 pontos de extravasamento nos rios e córregos, segundo o assistente-executivo da Diretoria de Tecnologia, Empreendimento e Meio Ambiente, Antonio César Costa e Silva. Nessas duas fases passaram a ser recolhidos os dejetos de 1,8 milhão de pessoas e efetivamente tratados os resíduos de 1,6 milhão. Desde o início do projeto, já houve redução de 120 quilômetros na mancha de esgotos do Tietê.
“Na terceira etapa, que começará nos próximos meses, mais 2.500 pontos serão conectados à rede”, afirma Silva. A expectativa é atender mais 1,5 milhão de habitantes com coleta e 3 milhões com tratamento.
A Prefeitura também age na limpeza dos ribeirões locais. O Programa Córrego Limpo prevê despoluir mais 1.100 corpos de água em todo Município, em parceria com o Estado. Entre as áreas que já passaram pelo projeto estão o Córrego do Sapateiro, no Ibirapuera, zona sul, e o lago do Horto Florestal, na zona norte. “E está em fase de conclusão o trabalho de conexão de mais de cem grandes lançadores, que vertiam mais de 2 mil litros por segundo de esgoto no Rio Pinheiros”, diz Silva.
Poluição difusa
O trabalho de conexão dos ramais aos troncos coletores, interceptores e emissários, segundo a Sabesp, nunca vai terminar. “O desafio é imenso. A cada ano, a cidade de São Paulo cresce com a chegada de 200 mil a 300 mil pessoas. Mesmo após a ligação de todos à rede, será preciso ter uma limpeza urbana mais eficiente, com melhor coleta de lixo, pois a poluição difusa (sujeira que vai para os rios) cresce quando se limpa o esgoto”, explicou o técnico. Dados da Sabesp mostram que as cinco estações da tratamento da empresa têm juntas capacidade de atendimento de 8,4 milhões. Os 39 municípios da Região Metropolitana somam quase 20 milhões.
O grau de poluição difusa está relacionado com os hábitos higiênicos da população, o nível de educação sanitária e ambiental dos moradores de uma cidade. Esse tipo de poluição é o resultado do lançamento sem tratamento de águas residuárias de qualquer natureza que não chegam, como deveriam, a uma estação de tratamento de esgotos. São águas pluviais contaminadas com a sujeira das ruas e esgotos lançados clandestinamente nas galerias de água. “A poluição difusa na Região Metropolitana é de tal monta que mesmo se todos os esgotos sanitários e despejos industriais fossem tratados nossos rios estariam poluídos”, diz o engenheiro José Eduardo Cavalcanti, do Instituto de Engenharia.
Autor: O Estado de S.Paulo