Discurso na sessão em comemoração aos 92 anos do Instituto de Engenharia

Em 1⁰ de julho de 1916, um pequeno grupo de 12 grandes homens, acreditando ser a hora de fundar uma instituição que criasse as condições necessárias para o florescimento da engenharia brasileira, formaram uma – “comissão encarregada de fundar uma associação com dois fins principais: a cooperação profissional e a defesa dos interesses da classe dos engenheiros”, – subscreveram então uma circular aos amigos e colegas. 

Eram eles:
Augusto C. da Silva Telles
Fonseca Rodrigues
Rodolpho Baptista de San Thiago
Alfredo Braga
Victor da Silva Freire
Rodrigo Claudio da Silva
Paulo Cavalheiro
Carlos Américo Barbosa de Oliveira
Nestor Marques Ayrosa
Hippolyto Gustavo Pujol Junior
Augusto de Toledo
Guilherme Winter

A primeira adesão a ser registrada, com o numero 0001 foi do engenheiro Sylvio de Aguiar Maya, que datou (7 de julho de 1916) e assinou, colocando também o seu endereço. 

Em 13 de outubro, numa primeira assembléia, nascia o Instituto de Engenharia. Sua missão era: “defender os direitos da categoria e os interesses de classe, a regulamentação da profissão e posicionamento frente à questões nacionais.” 

Foi formada uma diretoria provisória composta de quatro engenheiros:
Francisco Pereira Macambira
Antonio Francisco de Paula Souza
João Pedro da Veiga Miranda
Rodolpho Baptista de San Thiago 

Em 15 de fevereiro de 1917, já com a saúde bem debilitada, Antonio Francisco de Paula Souza foi eleito o primeiro presidente, em uma segunda assembléia que aprovou os estatutos. 

Desde então, por meio de publicações periódicas, debates, palestras, arquivos de projetos entre tantas ações, o Instituto de Engenharia vem participando ativamente em todos os grandes eventos da nação; desde os grandes planos para infra-estrutura e o crescimento das cidades, a participação ativa na revolução constitucionalista e na construção do país. 

A atual estrutura de representação da engenharia e dos engenheiros, com a organização do sistema CREA/CONFEA e os sindicatos, também é responsabilidade do Instituto de Engenharia que acreditava ser necessária a divisão de responsabilidades na defesa da sociedade, dos profissionais e da engenharia, pois uma única entidade não seria capaz de conciliar todos os interesses envolvidos. 

Passaram pela presidência do Instituto de Engenharia 38 ilustres profissionais:
Antonio Francisco de Paula Souza, até abril de 1917. Paula Souza, como deputado, foi autor da lei que criou a Escola Politécnica, que dirigiu até vir a falecer. 

Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que completou o mandato de Paula Souza e foi reeleito para um segundo mandato
Francisco Paes Leme de Monlevade, que iniciou grandes discussões para criação de uma entidade que regulamentasse a profissão. Seu trabalho fez com que o governo do Estado de São Paulo criasse uma lei regulamentando a profissão do engenheiro, do arquiteto e do agrimensor, que viria ser o embrião que provocou a criação dos CREAS em 11 de dezembro de 1933. 

Alexandre de Albuquerque, que cumpriu dois mandatos com 10 anos de intervalo
Francisco de Salles Vicente de Azevedo,
Alberto de Oliveira Coutinho,
Luiz Ignácio R. de Anhaia Mello, 

Francisco Emygdio da Fonseca Telles, foi diretor da Escola Politécnica, participou com destaque do movimento revolucionário constitucionalista de 1932, sendo exilado de São Paulo, deixando a presidência do Instituto no segundo semestre de 1932 para seu vice-presidente, 

Ranulpho Pinheiro Lima, completou o mandato de Fonseca Telles durante 6 meses, foi depois o primeiro presidente do Sindicato dos Engenheiros 

Roberto Cochrane Simonsen, com ativa participação na criação do Sindicato dos Engenheiros e foi presidente da Fiesp, que foi criada em 1931. 

Antônio Prudente de Moraes Neto
José Maria Toledo Malta
Annibal Mendes Gonçalves 

Cícero da Costa Vidigal, primeiro mackenzista na presidência do Instituto, faleceu muito jovem (42 anos), tendo exercido a presidência por apenas 44 dias, foi genro do Henrique Pegado, 

Heitor Portugal
Argemiro Couto de Barros
Álvaro Pereira de Souza Lima
Amador Cintra do Prado 

Henrique Pegado, que foi o primeiro reitor da Universidade Mackenzie
Plínio de Queiroz, em seu mandato realizou em grande seminário sobre energia elétrica, cujas conclusões ajudaram na criação da Eletrobrás. 

João Soares do Amaral Neto
Augusto Lindenberg
Frederico Abranches Brotero
Helio Martins de Oliveira
Henry Maksoud
Eduardo Celestino Rodrigues
Flávio de Sá Bierrenbach
Jan Arpad Mihalik
Bernardino Pimentel Mendes
Luiz Alfredo Falcão Bauer
Lauro Rios Rodrigues
Plínio Oswaldo Assmann
José Roberto Bernasconi
Maçahico Tisaka
Alfredo Mário Savelli
Cláudio Amaury Dall’Acqua
Antonio Helio Guerra Vieira
e Eduardo Ferreira Lafraia a quem tenho a honra de suceder.

Mas o fardo, apesar de prazeroso, é pesado, pois os desafios crescem na velocidade da nova tecnologia, e modernizar uma instituição centenária não é tarefa para um homem só. 

Pois é chegada a hora de repensar o papel de instituições como a nossa, passando de representante de categoria à articuladora de debates, de depósito de informações à construtora de conhecimento, de entidade isolada à lider do movimento de criação de um país melhor.

Hoje é dia de comemoração, de alegria, de reconhecimento de méritos, portanto, uma oportunidade para prestar homenagem a vitoriosos profissionais, grandes homens que dedicaram sua vida à profissão de engenheiro, cujas carreiras servem de exemplo às novas gerações. 

Em 1894, 1895 e 1896 foram criadas três grandes escolas de engenharia, que prepararam e ainda preparam para a vida, jovens que contribuíram e contribuirão para o desenvolvimento do país. 

A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e a Escola de Engenharia Mackenzie onde, respectivamente João Del Nero, João Galvão e Carlos Rosa completaram seus estudos. 

Escolhemos três exemplos de sucesso, com origens tão diferentes, formados nas mais tradicionais faculdades de engenharia do Brasil e que chegaram ao topo da carreira, graças à dedicação, competência, liderança, humildade, rígida formação ética e muito, mas, muito trabalho. 

Del Nero escolheu a área de projetos, tendo participado de centenas deles, em todas as fases de elaboração e galgado postos nas empresas que trabalhou chegando ao cargo maior, de presidente de uma das mais importantes empresas de engenharia de projetos do Brasil, com forte atuação internacional também. 

Carlos Rosa escolheu a área de construção, tendo atuado em dezenas de obras chegando à presidência de uma das mais importantes empresas de construção brasileira e com forte atuação no exterior. 

João Queiroz Galvão, juntamente com seus irmãos contribuiu decisivamente para o desenvolvimento das empresas do grupo e atualmente com seu irmão Antonio, comanda um dos maiores conglomerados que se originou na construção e hoje atua em diversas áreas, tais como: construção pesada, construção civil, imóveis, perfuração de poços de petróleo e gás, construção e operação de plataformas marítimas, agro-pecuária, alimentos, concessões etc., também com atuação em todo o Brasil e em diversos países. 

O grupo, que emprega aproximadamente 30mil pessoas, é um dos maiores empregadores de engenheiros do país. 

É para mim, uma imensa honra estar aqui hoje participando desta merecida homenagem e queria que meus colegas e amigos João Galvão, Carlos Rosa e Del Nero aceitassem essa homenagem em nome de todos aqueles que participaram do Instituto de Engenharia nestes 92 anos de árduas batalhas e daqueles que participarão das que se aproximam. 

Obrigado.

Autor: Edemar de Souza Amorim – Presidente do Instituto de Engenharia