Jovens engenheiros são fisgados durante curso

Novos engenheiros não precisam procurar emprego: as vagas vêm até eles antes mesmo que saiam da faculdade. De olho nos talentos, empresas promovem competições, oferecem bolsas de estudo e pagam altos valores a estagiários. 

“Já vimos alunos do último período sendo chamados para estágios de R$ 3.000 por mês”, conta o diretor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ericksson Rocha e Almendra. 

A média de remuneração para estagiários é de R$ 1.200, segundo consultores de recursos humanos ouvidos pela Folha. 

Almendra relata que grandes empresas concedem bolsas no exterior a estudantes de engenharia com a intenção de empregá-los em suas fábricas quando estiverem formados. 

“Outros são contratados formalmente como auxiliares técnicos ou auxiliares de engenheiro, com salários bastante atrativos”, diz o diretor, sem citar os empregadores. 

Para a vice-reitora da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Rivana Basso Fabbri Marino, o assédio às escolas de engenharia é uma realidade. “Departamentos de recursos humanos fazem buscas insistentes por estagiários e trainees e pedem indicação dos melhores alunos”, afirma. 

Danilo Castro, gerente de consultoria da Page Personnel, destaca que firmas que ainda não tinham programas de estágio e trainee os formataram recentemente, oferecendo cargas horárias reduzidas para dar ao aluno tempo de executar o projeto de conclusão de curso. 

A IVM Automotive tem sentido na pele as dificuldades da forte concorrência pelos semiprofissionais. “Não se vê mais a diferenciação entre engenheiro júnior, pleno, sênior ou especialista; ela é feita entre quem já trabalhou e quem nunca trabalhou”, critica Renato Perrotta, diretor-executivo. 

Competição
Para ter contato com os estudantes, instituições como a SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade) organizam competições de desenvolvimento de produtos, que são avaliados por especialistas das principais indústrias do setor. 

Fernando Alves Trujilo, 23, aluno de engenharia mecânica automobilística, atuou em competições entre escolas durante três anos e meio. 

“O coordenador do curso me indicou para a empresa em que sou estagiário agora. Trabalho apenas quatro horas por dia e ganho o dobro do que recebia no emprego anterior”, conta. 

Já o engenheiro recém-formado Rodrigo Godói, 26, ganha hoje três vezes mais do que quando era trainee e almeja subir na empresa. “Todos querem cargos de gerência”, aponta.

Autor: Folha de S.Paulo