O objetivo do governo federal é desenvolver, otimizar e ampliar o leque de alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não renováveis, por meio da biomassa de plantações florestais.
A biomassa florestal é fonte renovável, tem balanço nulo no efeito estufa quando usada para energia e se mostra excelente fixadora de carbono quando empregada para outros fins. O Brasil possui extensas áreas com florestas nativas que podem ser manejadas de forma sustentável e florestas plantadas com potencial de crescimento e produtividade. Tais fatos trazem perspectivas animadoras ao país em relação à produção de biomassa para energia, com vantagem competitiva no cenário mundial.
Atenta a tal aspecto, a Embrapa lançou o projeto “Florestas Energéticas”, dentro da plataforma da Matriz da Agroenergia Brasileira, combinando uma série de ações de pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área desse importante insumo de biomassa. São quatro projetos componentes, envolvendo mais de 270 pesquisadores, representando mais de 70 instituições nacionais e internacionais engajadas neles.
Dentre as instituições participantes, encontra-se a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) que, além do desenvolvimento de pesquisa, foi convidada para coordenar um dos projetos componentes, ao nível nacional.
Isto está sendo realizado por meio da participação de José Otávio Brito, docente do Laboratório de Química, Celulose e Energia (LQCE) do departamento de Ciências Florestais (LCF), que coordena o projeto componente “Inovações tecnológicas ligadas aos usos tradicionais da madeira para fins energéticos no Brasil”.
Brito comenta que “o trabalho na área de biomassa florestal para energia já é desenvolvido há muito tempo na ESALQ. O convite da Embrapa é uma forma de reconhecimento dos trabalhos desenvolvidos pelo seu mais importante laboratório na área em questão, que é o LQCE”.
Afirma ainda o professor que “o LQCE é o único laboratório da Escola que, desde a década de 60, vem mantendo atividades ininterruptas de pesquisa e de desenvolvimento tecnológicos na área de madeira para energia e seus derivados energéticos, além de ser o único laboratório da instituição que agrega a palavra energia em seu nome”.
São objetivos específicos do projeto que está sob coordenação da ESALQ: determinar qualidades específicas da madeira de florestas plantadas e/ou nativas manejadas para aplicações energéticas; aperfeiçoamentos e inovações no campo da compactação de resíduos florestais e madeireiros, visando a maior agregação energética; aperfeiçoamentos e inovações em equipamentos usados para combustão direta da madeira em ambientes residenciais e em pequenos empreendimentos industriais; utilização da madeira termorretificada para aplicações energéticas; desenvolvimento de novos sistemas agregados à produção de carvão vegetal; avaliar a potencialidade das tecnologias de conversão energética propostas no projeto, no contexto social, ambiental e econômico.
“Estamos nos referindo a um projeto que terá a duração de 4 anos (iniciou em setembro de 2007). Nesse contexto, já promovemos reuniões periódicas para discussão dos temas de pesquisa e, apesar do recente início de atividades, o projeto já alcançou resultados em relação à qualificação de madeira para energia, sobretudo ligada aos novos materiais genéticos florestais disponíveis, ao treinamento técnico, mediante a oferta de atividades de extensão e a oferta de bolsas para alunos de iniciação científica e de pós-graduação”, destaca Brito.
Capitaneado pelo projeto “Florestas Energéticas”, há ainda a iniciativa dos responsáveis pela sua coordenação nacional, de se criar um Instituto Nacional de Tecnologia de Madeira para Energia (ITEMADE), com proposta a ser encaminhada ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
“Nós estamos apostando que a proposta possa ser aprovada, trazendo subsídios adicionais ao projeto da Embrapa, porque esse projeto tem o perfil do edital do MCT que é, justamente, desenvolver trabalho em rede, possuir laboratórios devidamente equipados e profissionais que se complementem em diferentes regiões do país”, conclui o pesquisador.
Autor: Site ESALQ